26 de novembro de 2024
Cidades • atualizado em 12/02/2020 às 23:43

Ranking de cidades mais violentas é contestado pela SSP-GO

 

Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), Joaquim Mesquita, questinou os dados apresentados pelo estudo “As cidades mais violentas do mundo”, elaborado pela ONG mexicana Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y Justicia Penal, em entrevista concedida à Rádio Vinha FM, nesta quarta-feira (21).

Joaquim Mesquita rebateu os dados apresentados hoje por diversos veículos de comunicação referentes ao levantamento que mostra Goiânia como a 23ª cidade mais violenta do mundo. O secretário argumentou que a coleta de dados para a pesquisa não é confiável. “A própria descrição metodológica do estudo reconhece as falhas [na apuração das informações]”, enfatizou Mesquita.

Veja vídeo da entrevista:

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Veja nota oficial da Secretaria de Segurança Pública na íntegra sobre o levantamento da ONG mexicana:

 

Nota de esclarecimento

Em relação ao estudo “As cidades mais violentas do mundo”, elaborado pela ONG mexicana Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública y Justicia Penal, a Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás faz as seguintes considerações:

Assim como já havia sido alertado pela Secretaria da Segurança Pública em 2014, tal estudo fundamenta-se em metodologia totalmente equivocada e que não se presta para um trabalho consistente e de credibilidade.

Entre as inconsistências metodológicas destacam-se as seguintes (conforme será explicitado logo abaixo): utilização de classificações de causa de mortes distintas, comparação entre anos diferentes, utilização de fontes extraoficiais não confiáveis, utilização de dados parciais em alguns casos, entre outras.

Exemplos:

Aracaju (39ª do ranking): Cita como fonte o site SE Notícias, com dados que cobrem apenas o período de janeiro a setembro de 2014, e faz uma projeção para o resto do ano, incluindo, ainda, um suposto aumento de 26º no total que seriam os homicídios cometidos em toda a Região Metropolitana de Aracaju.Dessa forma, chega à taxa de 34 homicídios por 100 mil habitantes.

Campina Grande (30º do ranking): A fonte é uma pequena nota no blog de um jornalista chamado Renato Diniz, que informa uma taxa de 37.97 homicídios por 100 mil habitantes.

A ONG mexicana não traz qualquer outra informação sobre o município.Curitiba (44º do ranking): A fonte é a Secretaria da Segurança Pública, porém, com dados que cobrem o período até setembro de 2014 e, assim, projeta uma taxa de 31.48 homicídios no ano.Belém (18º do ranking):

A ONG explica que a Secretaria da Segurança Pública dispõe apenas de dados relativos a 2013, mas se vale de uma notícia publicada no site da PM paraense com dados de outubro de 2014 para estimar a taxa total do ano, que teria ficado em 53,6 homicídios por 100 mil habitantes.

Macapá (46º do ranking): De acordo com a ONG, não há fontes oficiais e, por isso, o estudo partiu de uma notícia publicada na internet pelo Diário do Amapá. Tal notícia informa que ocorreram 92 mortes por arma de fogo na capital amapaense em 2014.

A ONG se vale, então, de uma projeção feita pelo portal UOL, com estimativa de que 70% dos homicídios ocorridos no Brasil são cometidos com uso de arma de fogo. Dessa forma, chega à taxa de 28,17 homicídios por 100 mil habitantes.

Goiânia (23º do ranking): Utiliza dados oficiais da Secretaria da Segurança Pública até o mês de novembro e faz projeções para o restante do ano, chegado à taxa de 44 homicídios por 100 mil habitantes. Vale lembrar que, em 2014, a ONG utilizou como fonte notícia publicada no site do Sindicato de Delegados de Polícia (Sindepol) alegando, inveridicamente, que não havia fonte oficial, inclusive cometendo erro na quantidade de homicídios registrados na capital goiana.

Palmira, Colômbia (32º do ranking): A ONG diz que entrou em contato com autoridades locais, mas não obteve números. Portanto, partiu de projeções de dados relativos ao primeiro semestre de 2014 para projetar os dados do ano inteiro, chegando a uma taxa de 37,66 homicídios por 100 mil habitantes.

 A própria ONG admite que o estudo não “está isento de erros” e que somente um levantamento de um período histórico maior, “entre 10 e 20 anos”, seria capaz de oferecer um panorama “exato”.

A ONG também admite que há cidades nas quais enfrenta a “impossibilidade de obtenção de dados”.

Mostra-se também deturpado o conceito de “50 cidades mais violentas do mundo” quando o próprio estudo aponta que foram avaliadas apenas as cidades com mais de 300 mil habitantes cujas informações são encontradas na internet – salienta-se, mais uma vez, que muitas vezes essas informações não são de fontes confiáveis. O último Mapa da Violência exclui Goiânia das 150 mais violentas do Brasil, ficando óbvio, portanto, a impossibilidade de a capital goiana figurar em um ranking das 50 mais violentas do mundo.

Ademais, fora a questão da credibilidade e fidedignidade de números de homicídios no Brasil, já exaustivamente discutidos e explicados, a Secretaria da Segurança Pública de Goiás tem pautado sua política de segurança pública para a redução de homicídios em programa definido e devidamente instrumentalizado, denominado “Goiás Cidadão Seguro”, que estabelece uma série de ações voltadas à diminuição constante e gradual dos indicadores criminais em nosso Estado.

Este trabalho técnico, focado em metodologia própria e sistematizada, já tem apresentado resultados. No ano de 2014 o Estado de Goiás apresentou, depois de vários anos, diminuição no número de homicídios em relação ao ano anterior. Outras regiões do Estado também apresentaram redução, merecendo destaque o Entorno do Distrito Federal, Anápolis, Rio Verde, Trindade e Senador Canedo, todas com diminuição de homicídios acima de 10% em comparação com o ano de 2013.

Goiânia também apresentou números importantes. Nos últimos quatro anos consegui-se frear a forte tendência de crescimento no número de homicídios e caminhou-se para a estabilização deste indicador, com positivas perspectivas de recuo dos números ainda no ano de 2015.

Desta forma, tendo o Governo de Goiás optado por conduzir suas ações em Segurança Pública como Política de Estado, perene e continuada, alicerçada em uma gestão técnica e altamente especializada, tem-se a certeza de que resultados ainda melhores estão por vir, trazendo, dia após dia, mais paz e tranquilidade aos cidadãos goianos.

 

 

 

 

 

 


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