Em pré-campanha para as eleições de 2022, Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na Assembleia Legislativa do Rio, comemorou na internet as mais de 20 mortes ocorridas na véspera na operação policial na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, na zona norte da capital fluminense.
O policial militar da reserva é investigado no esquema das rachadinhas, como ficou conhecido o suposto desvio de salários de funcionários-fantasma em gabinetes de parlamentares para beneficiar políticos; em especial o próprio Flávio Bolsonaro. O MP do Rio prepara uma nova denúncia sobre o caso do hoje senador, ex-deputado estadual, após o Superior Tribunal de Justiça anular a maioria das provas do inquérito original.
Queiroz também usou as redes sociais para replicar uma notícia falsa contra o deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), pré-candidato ao governo do Estado. O bolsonarista atribuiu ao parlamentar declarações de hostilidade às forças de segurança. Segundo o texto falsificado, o deputado acusaria os policiais de “assassinar” moradores “pretos, pobres e favelados” na Vila Cruzeiro. Freixo negou ter feito a postagem, que chamou de “mentira mal contada” e “fake news”.
“Estão espalhando em grupos de whatsapp e nas redes sociais uma postagem falsa sobre mim em relação à operação de hoje (ontem, terça-feira, 24) no Alemão”, escreveu. “A publicação simula uma publicação no meu perfil no Twitter. A mentira é tão mal contada que ela comete erros básicos. Por exemplo, a postagem falsa passa a quantidade permitida de caracteres no Twitter”, escreveu
Na postagem no Instagram, Queiroz replicou o print do falso tuíte atribuído ao parlamentar. Nele, o deputado chamaria os policiais envolvidos nas mortes da operação na Vila Cruzeiro de “criminosos”. Também defenderia o fim do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil. Na legenda, Queiroz xinga Freixo e diz que o deputado perdeu 22 eleitores, em referência aos mortos na operação. Por isso, afirma, o deputado reclamaria da ação da Polícia.
“Só porque perdeu 22 eleitores. Ah! 22 é BOLSONARO”, escreveu Queiroz.
Freixo atribuiu a divulgação da postagem falsa à disputa eleitoral no Rio, onde aparece em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.
“Segurança Pública é coisa séria e não pode ser usada como arma eleitoral através de fake news. Essa postagem é falsa e não foi feita por mim, já me posicionei sobre isso publicamente. A mentira é tão mal contada que o texto ultrapassa o limite de 280 caracteres permitido pelo Twitter. O que eu defendo é que as políticas públicas e ações policiais sejam realizadas com base em planejamento e inteligência. As maiores apreensões de fuzil foram feitas no aeroporto do Galeão e na casa de um traficante de armas ligado a Ronnie Lessa, assassino de Marielle (Franco, vereadora assassinada em 2018), sem que um tiro tenha sido disparado”, diz Freixo.
Procurado pelo Estadão, Queiroz ainda não se pronunciou sobre a publicação. (Por Estadão Conteúdo)
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