23 de dezembro de 2024
Cidades • atualizado em 04/10/2020 às 22:39

Queimadas no Estado de Goiás poderiam ser evitadas, mas falta conscientização

A devastação do fogo no período de seca (Foto: Willi Becker)
A devastação do fogo no período de seca (Foto: Willi Becker)

Segundo a corporação do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBMGO), em 2019 foram registradas 9.408 ocorrências de incêndios florestais, em 2020 estes números chegam aproximadamente há 6.000 ocorrências. De acordo com o Tenente Oficial de Informações Públicas da Operação Cerrado Vivo/2020, Thyago Rodrigues, os incêndios na cidade são causados a partir da queima de lixo, de vegetação em lotes baldios e de folhas em quintais. “Tudo isso configura crime de poluição, caso este se alastra, causando danos maiores, mortes de animais, destruição de propriedade, isso se configura como crime de incêndio florestal”.

O período de seca faz com que o incêndio se alastra rapidamente, em Goiás, agosto e setembro são considerados os meses mais críticos do ano. Em julho de 2019 foram atendidas 1.693 ocorrências, em julho de 2020 teve 1.737 ocorrências, sendo 3% a mais. Em agosto de 2019 teve 2.217 e agosto de 2020 com 2.092 ocorrências, tendo uma diminuição de 6%. De acordo o Boletim Queimadas, no mês de setembro, com  monitoramento  realizado  por  meio  de  satélite  detectou,  no  período de  1º  a  27  de setembro de 2020, um total de 1.464 focos. Já no mesmo período de 2019 foram 4.118 focos  de  queimadas  registrados  em  todo  o  Estado.

Nessa época do ano a população sofre pelas conseqüências das queimadas, tanto na questão respiratória, quanto na sujeira das residências e lotes baldios. O estudante Eduardo Murilo Melo relata que sente dificuldades para respirar por conta da fumaça, “conseqüentemente com a fumaça sentimos mais dificuldades de respirar, eu tinha problemas de bronquite quando era mais novo e isso me prejudica”. 

Cada vez mais a seca e o calor aumentam, mas isso é uma grande oportunidade para as pessoas continuarem desmatando e realizando queimadas. Para Eduardo, a época de pandemia durante o período de seca serviu para autorizarem o desmatamento que trariam impactos ambientais. “Estamos em um período que o governo é totalmente abrangente nessas questões ambientais, mas eu acredito que as políticas públicas são essenciais e principalmente quem está no pico da ala pública tem que incentivar um desenvolvimento sustentável, não o contrário”.

Para o biólogo Pedro Henrique Alves, estamos vivenciando um dos piores cenários em relação às queimadas no Brasil e as medidas de prevenção ao combate a serem tomadas não estão sendo realizadas corretamente pelos órgãos competentes. “As medidas que devem ser tomadas sem dúvidas é um levantamento da região para conhecer o seu bioma e tudo que o constitua, buscar aplicar medidas de reflorestamento nesse local com plantas que se adequem a condições menos adequadas de clima e solo causadas pelas queimadas e depois a inserção de plantas nativas que dependem de características restritivas para sobrevivência”.

As queimadas deixam rastros e estragos por toda parte que ocorrem, deixando as reservas ambientais bastante atingidas pela destruição do fogo. De acordo com o biólogo, o maior estrago causado é a perda da biodiversidade que existia naquele local e também a perda do conhecimento sobre a área onde não foram catalogadas diversas espécies.

A devastação causada pelo fogo é sinônimo da falta de cuidado e compreensão do ser humano. Conforme o Tenente, a Operação Cerrado Vivo orienta que qualquer cidadão que ao avistar qualquer indivíduo ateando fogo em vegetação, que realizem a denúncia aos órgãos ambientais responsáveis. “O cidadão pode sim ser enquadrado em crime ambiental e ser conduzido à delegacia de polícia civil para responder por crime ambiental”.

(Por Tiago Teixeira dos Santos – Estagiário do convênio do Diário de Goiás com a UNIARAGUAIA. Com edição de Domingos Ketelbey.)


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