03 de dezembro de 2024
Educação • atualizado em 20/08/2020 às 16:01

Quase 80% das universidades federais já definiriam retorno remoto das aulas

UFG decidiu por retorno remoto a partir de 31 de agosto. (Foto: Divulgação UFG)
UFG decidiu por retorno remoto a partir de 31 de agosto. (Foto: Divulgação UFG)

Das 69 universidades federais do país, 54, já voltaram ou definiram uma data de retorno das aulas. Todas elas, informou nesta quinta-feira (20) a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), aderiram às classes remotas. O número representa 78,2% do total.

Segundo o presidente da Andifes e reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira, “entre meados de agosto e meados de setembro, vamos ter praticamente 100% das instituições já em atividades remotas”. “Mesmo as que não definiram ainda, estão discutindo a resolução de retorno”, completou a 2ª vice-presidente da Andifes, Joana Angélica da Luz. No estado, a UFG deliberou pelo retorno das aulas, de forma virtual, a partir de 31 de agosto.

Um dos grandes gargalos era a conectividade. No início da semana, porém, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que disponibilizará chips com pacote de dados para estudantes de renda per capita de até meio salário mínimo. Segundo dados da Andifes, dos pouco mais de 1 milhão de estudantes das universidades federais, 91% têm renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. Na UFG, cerca de 5 mil estudantes devem ser contemplados.

A Andifes ponderou que, apesar da importância da oferta de dados pelo MEC, essa medida, sozinha, não é suficiente. “As universidades terão de fazer esforço extra para viabilizar a conectividade, principalmente porque três a cada quatro alunos são de baixa renda”, disse. “(A medida) É positiva, mas temos consciência de que não resolverá todos os nossos problemas”, concluiu Madureira.

Boa parte das instituições estão com aulas paralisadas desde março, quando se iniciou a epidemia de Covid-19 no Brasil. Somente poucas universidades implementaram rapidamente as aulas remotas. Segundo o reitor Marcus David, a demora se deve à necessidade de desenvolver um sistema inclusivo e de qualidade. “Não nos satisfaríamos de colocar um sistema no ar que excluiria boa parte dos nossos estudantes”, afirmou. A entidade alega que os reitores têm decidido pelo retorno baseado nos princípios de segurança, isonomia e qualidade.

Os reitores também informaram que foram ofertados cursos de capacitação aos professores que não estavam ambientados ao ensino a distância. Eles também citaram que cada universidade tem tomado medidas específicas à sua realidade para promover equidade de acesso às aulas, fornecendo, além da conexão, os equipamentos digitais. Em casos de estudantes que vivem em locais remotos e sem acesso à internet, a Andifes ainda avalia soluções.

“(Com os chips fornecidos pelo MEC)A gente resolve a maior parte do problema da conectividade. As universidades estão pensando em outras alternativas para quem vive em assentamentos, locais. Problemas quantitativamente menores, mas de forma alguma menos importantes”, pontuou o presidente da entidade.

Repercussões da epidemia

Segundo Edward Madureira, o calendário acadêmico deve se igualar ao civil apenas em 2022. Na previsão feita pelo presidente da Andifes, é certo que será impossível readequar totalmente os semestres já no próximo ano.

“Ano que vem ainda terá o calendário parcialmente desencontrado com o calendário civil. Em 2022, praticamente todas as universidades devem conseguir reencontrar com o calendário civil, talvez no primeiro semestre. Haverá um esforço concentrado para isso”, destacou.


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