A respeito da autorização de importação excepcional da vacina russa Sputnik-V ao Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), porém sob condições controladas, o médico infectologista Marcelo Daher, afirmou nesta quarta-feira (16) acreditar se tratar de uma vacina boa, assim com as demais já utilizadas no País, e de grande importância para dar avanço à imunização. Em resposta ao Diário de Goiás, o especialista destaca a aprovação do imunizante na agência regulatória sanitária, sem a autorização temporária para uso emergencial.
“A Anvisa colocar que a vacina não tem autorização temporária, nem emergencial, eu acho que é uma coisa complicada, porque se ela autoriza, como coloca que ela não tem autorização temporária, nem emergencial? Alguma autorização houve para utilização. Então, se ela libera, ela autoriza a utilização. E se os Estados se propõem a utilizá-los, eles também vão aceitar todas essas recomendações”, ponderou.
O infectologista ressalta que, neste momento, a prioridade é a imunização em massa dos brasileiros. “Quanto mais vacinas chegarem, vacinas com qualidade melhor, vai ser melhor para a população. Então eu não vejo com restrição. Eu acho que o Brasil ganha com essa vacina chegando. Vai ser positiva a chegada dessa vacina para ampliação das faixas etárias e possibilidade de vacinar mais pessoas contra a Covid-19”, declarou.
Daher destaca, também, a questão de a vacina ser utilizada em outros países, com resultados positivos. “Então o que a gente entende é que é uma vacina boa para utilização. Houve um primeiro momento de solicitação de liberação da vacina ao Brasil e alguns dados ficaram em abertos, que seria a possibilidade do vírus poder replicar, desse adenovírus não estar totalmente inativo. Eu ouvi alguns especialistas, comentando, entre eles o Dr. Jorge Kallil, que é um grande imunologista da USP, e ele diz que o que houve na apresentação foi uma falha de interpretação. Que ele não vê com problemas o dado que foi apresentado e ele não veria problemas para a liberação da vacina”, elucidou.
“É uma vacina considerada, nessa briga pela vacina, a primeira a ser liberada no mundo contra a Covid-19, onde os testes foram feitos meio que sem muita transparência. Mas é uma vacina que tem em sua base, a mesma tecnologia ou a mesma plataforma da vacina Oxford/AstraZeneca e da vacina Janssen. Então ela usa um vetor viral, que no caso é um adenovírus e na primeira para a segunda dose, ela utiliza dois adenovírus diferentes. Isso faz com que teoricamente a vacina tenha uma potência maior, por isso os resultados da vacina Sputinik-V são melhores do que a vacina AstraZeneca. O fato de usar adenovírus diferentes da primeira para a segunda dose, é como se fossem duas vacinas diferentes”, ressaltou o especialista.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deu aval, nesta terça-feira (15) aos Estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Amapá, Paraíba e Goiás para que possam adquirir de forma emergencial a Sputnik V, imunizante contra a Covid-19 de origem russa. Por meio das redes sociais, o governador Ronaldo Caiado (DEM) anunciou que irá fazer a aquisição de 142 mil doses da vacina. “Vamos adquirir 142 mil doses para 71 mil goianos (1% da população). Esse é o limite permitido pela agência para estados que pediram autorização. O importante é vacinar a nossa gente!” comemorou o democrata.
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