O PTB defende a candidatura de Marconi Perillo (PSDB) a reeleição, mas quer uma vaga na chapa majoritária. O partido afirma que Marconi é o Imã que agrega todos os partidos da base. Para lideres do partido sem a candidatura de Marconi a base fica sem nome que unifica o grupo político.
PTB vê base “esfacelada” se Marconi não for candidato
Liderança petebista diz que candidatura do governador tucano à reeleição é pré-requisito de união na base aliada e que não há “plano B”
Marcelo Tavares – Repórter de Política TRIBUNA DO PLANALTO
O PTB já deixou claro que apoiará uma nova candidatura do governador Marconi Perillo, caso o tucano seja, novamente, uma opção ao governo do Estado em 2014. Mas, e se Marconi não for candidato? Na hipótese, um petebista explica: “Nesse caso caberá ao partido buscar outro grupo, isso é natural”, diz. O partidário ainda afirma que nos bastidores a base governista comenta muito que se Marconi não for candidato, o grupo se esfacela. “Não há condição de se encontrar outro nome. O Mar¬coni é a pessoa que agrega, o ímã que mantém os partidos a sua volta”, crê.
A declaração é encarada como mais uma cobrança para que o governador se candidate em 2014. Marconi tem dito que não sabe se encarará mais uma eleição. Em recente entrevista à Tribuna do Planalto, o comandante tucano disse que a vontade pessoal dele e de sua família é de dar um tempo na política após o fim de seu mandato, em 2014. “Espero não ser desafiado para não precisar ser candidato”, disse na ocasião.
Como em eleições anteriores, o partido do deputado Jovair Arantes prega fidelidade ao governador, mas cobra espaço por essa atitude. Os petebistas estão dispostos a lutar para ter uma vaga na chapa majoritária do tucano. Hoje, a con¬cor-rência dentro do grupo do tucano é grande. O vice-governador José Eliton, que recentemente assumiu o comando do PP, é o favorito para se manter co¬mo candidato à reeleição. O PSD pleiteia a vaga de candidato a senador, planejando a indicação do secretário-chefe da Casa Civil Vilmar Rocha como candidato.
O PTB diz ter legitimidade e densidade eleitoral para brigar pela vaga de vice e sua meta número um é ampliar o papel do partido dentro da base go¬vernista. Essa é mais uma vez que o partido cobra a fatura pe¬lo apoio que sempre deu ao go-vernador Marconi Perillo. Essa mesma situação se delineou em 2006 e 2010, mas o desejo da sigla não foi atendido. No ano passado, o partido conseguiu encabeçar chapa para a corrida pela prefeitura de Goiânia, com Jovair Arantes candidato, mas a eleição foi um fracasso, já que a coligação não conseguiu chegar nem ao se¬gunda turno. O atual prefeito Pau¬lo Garcia (PT) venceu com folga.
No entanto, essa briga por maior espaço ainda deve ter muitos outros episódios e as discussões devem se acirrar. Caberá ao governador Marconi Perillo, considerado como o aglutinador da base governista, entrar em campo para acalmar os ânimos e definir as discussões. Mas isso ainda pode demorar a acontecer. O gestor não comenta o assunto e mantém foco na sua agenda de visitas a vários municípios do Estado para entregar obras e benefícios sociais.
A discussão sobre a composição da chapa governista, porém, já gera fatos constrangedores, como o que aconteceu no dia 31 de agosto, em Itum¬biara, quando em um encontro regional da base de Marconi, o secretário Estadual de Cida¬da¬nia, Henrique Arantes (PTB), lançou o presidente da Sanea¬go, José Gomes da Rocha (PTB), como candidato a vice-governador. No evento estavam o atual vice-governador, José Eliton, e boa parte de integrantes do Palácio da Esmeradas. A atitude de Henrique Arantes pode ser prematura já que o período das definições, pelo menos legalmente, ainda está longe. Mas os passos dados até agora deixam bem claro que ao PTB quer ser protagonista em 2014.
O presidente estadual do PTB, deputado federal Jovair Arantes, diz que a disputa pelo cargo é parte do processo político e buscar novos espaços dentro da coligação é uma fase de amadurecimento. “O PTB é um partido orgânico, crescido e tem que ter espaços políticos dentro de chapas majoritárias ou proporcionais. Estamos buscando nosso espaço. É nosso direito”, afirma.
A argumentação da maioria dos membros da sigla, bem como de Jovair, é que esse direito adquirido é pela força política que a sigla possui e que tem sido empregada na aliança com o governador Marconi Perillo, que o PTB acompanha desde o primeiro mandato. “Se não tivéssemos voto, nome e bandeira não haveria legitimidade nessa vontade, mas ela se torna legítima pela construção que o partido fez. Temos quatro de¬putados estaduais, dois de¬pu¬tados federais e eleito sistematicamente um número significativo de prefeitos”, afirma o líder.
“O partido quer o espaço que lhe é devido”, afirma o deputado estadual Talles Barreto (PTB). Ele prefere não entrar em muitas discussões disse não querer comentar o assunto. O parlamentar já disse anteriormente que o partido irá caminhar e sairá vitorioso com Perillo na campanha de 2014.
Sem plano B
O PTB está tão focado na meta de emplacar um candidato na chapa majoritária que evita falar em ‘plano B’ para o caso de não conseguir seu objetivo. A justificativa é que se isso não acontecer a conversa sobre o tema deve ficar para outro momento oportuno. “Por enquanto, a lógica é trabalhar para o partido ter seu espaço adequado dentro da base governista”, diz Arantes, que ainda avalia que em política nada é fácil e que é preciso trabalhar diariamente para alcançar metas.
Durante toda entrevista à Tribuna, Jovair foi criterioso em suas falas para não comentar qual cargo o partido almeja, usando sempre o termo “espaço adequado”. Embora o partido já tenha muito clara a meta, Arantes diz que ainda pode passar muita água por debaixo da ponte e que a definição de qual papel o PTB busca na chapa não precisa ocorrer agora. Para ele, o momento é de discussões de crescimento partidário, com as filiações de novos políticos. “Esse é nosso foco, a busca de pessoas que tenham potencial de serem candidatos a deputados estaduais e federais”.
Sem esconder tanto o jogo, o secretário Estadual de Cidadania, Henrique Arantes, diz que a meta do partido é mesmo a vice-governadoria e que há vários quadros no PTB para compor a chapa majoritária, mas que a preferência e o cenário aponta para que o presidente da Saneago, José Gomes da Rocha, seja o indicado. “A filiação dele foi visando essa vaga. Ele é um nome qualificado, tem uma grande liderança que ajudará a viabilizar a campanha de Marconi de for¬ma muito ampla”, explica o se¬cretário. Henrique ressalta que a briga pela vaga é natural. “Nin¬guém vai ceder espaço, cada um deve tomar o seu”, dispara.
Para o líder petebista alguns fatores contribuem para efetivar o desejo da sigla. O PTB é a segunda maior agremiação da base governista e, nas eleições de 2010, segundo Henrique, foi o segundo partido, fora o PSDB, que mais trouxe votos para Marconi Perillo. Além disso, frisa Arantes, as características que o candidato a vice-governador precisa são, ou “trazer recursos para a campanha, ou número de votos”, itens presentes nos candidatos do PTB, segundo ele.
Outra argumentação é que, em 2010, a chapa contou com o PSDB e DEM ocupando as duas indicações para o Senado. O PSDB teve o candidato a governador e o DEM indicou o vice – à época José Eliton integrava o partido. “Agora é hora de rediscutir a formação da chapa. Hoje há na base três grandes partidos: PSDB, PTB e PSD, que já se posicionou que quer a vaga para concorrer ao Senado. Nós queremos a vaga de vice-governador. Já estamos decididos e nosso presidente já disse que não abre mão dessa vaga”, pontua Henrique Arantes. Fontes confirmam que o governador já foi comunicado pelo presidente do PTB do desejo, mas que Marconi afirmou que não vai tomar decisões por agora para não gerar atrito na base.
Aliado natural
Mesmo não conseguindo ter o espaço dentro da chapa majoritária o PTB não deve deixar a base do governo. Segundo Arantes, não há condição do partido mudar de grupo. “O aliado natural do partido é o governador Mar¬coni”, destaca. Esse não é só o pensamente dentro do PTB, mas também de alguns aliados da base governista. “O PTB é um grande parceiro do governador. Acredito que um companheiro não abandona o outro e vão se chegar a um consenso. O PTB é irmão siamês do Marconi e do PSDB e não é qualquer resultado que irá tirar o partido da base”, avalia o deputado federal Roberto Balestra (PP), ex-presidente regional do PP.
Balestra também ressalta que a briga pelo espaço na chapa majoritária é natural. “Todo mundo busca o poder na política e o PP também pleiteia a vaga de vice-governador e quer manter José Eliton”, afirma o deputado, que aposta que outros partidos de apoio ao governo também tem o mesmo objetivo. É certo que a unanimidade não haverá e caberá às siglas muito diálogo para se chegar a um consenso. “Se o partido tiver consciência de seu peso, de sua expressão política, ele não abandona o grupo, continua com o mesmo entusiasmo”, pontua Balestra.
Zé Gomes candidato à Câmara pode dificultar Jovair
Caso José Gomes não seja confirmado o candidato majoritário e queira participar da eleição como candidato a deputado federal, o PTB se depara com um imbróglio que pode ficar perigoso para confirmar a eleição de Gomes e Jovair Arantes. Como eles fazem parte de um mesmo grupo político e são muito próximos, possuem praticamente as mesmas bases. O presidente do PTB teve na última eleição mais de 140 mil votos, dos quais 25 mil foram somente em Itumbiara.
É certo que, se o atual presidente da Saneago sair como candidato à Câmara Federal, Jovair perderá boa parte de sua força. Mas isso não é um problema porque o petebista tem outras bases, como o Entorno do Distrito Federal. A dúvida que fica é como Gomes viabilizará sua campanha de forma que não dependa das bases de Jovair.
As lideranças do partido minimizam o fato e Jovair afirma que há espaço para os dois. “Estamos atrás de boas candidaturas e o Zé (Gomes) é um quadro importante. Ele será candidato ao que ele quiser ser”, ressalta o presidente do PTB, que explica que na Câmara há 17 cadeiras destinadas a Goiás. Henrique Arantes também diz que não há problema dos dois concorrerem ao mesmo cargo, tendo um mesmo grupo partidário como referência. Além disso, defende que José Gomes foi uma liderança importante em Itumbiara e que ele tem outros companheiros para o apoiá-lo no o caso de uma candidatura à Câmara Federal. (M.T.)
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