A liderança do PT na Câmara ingressou nesta quarta (8) com pedido de abertura de processo disciplinar contra os delegados da Lava Jato Maurício Moscardi Grillo, Igor Romário de Paula e o ministro da Justiça licenciado Alexandre de Moraes na Comissão de Ética da Presidência da República por “violação de normas éticas” na investigação contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o texto da peça apresentada pelo partido, os delegados “revelaram postura parcial em relação ao investigado” ao falar em entrevistas em janeiro de 2017 sobre um “timing” [tempo ideal] para a prisão preventiva de Lula.
À revista “Veja”, Grillo afirmou que a polícia teria perdido o “timing” para prender Lula, enquanto Paula disse ao UOL que esse tempo ideal “poderia vir daqui a 30 dias, a 60 dias”.
“O uso do termo ‘timing’ (…) remete a uma realidade externa ao processo, relacionada a uma possível conjuntura política adequada para a prisão do investigado, que não poderia influenciar, de forma alguma, o trabalho da Polícia Federal (…)”, afirma o documento, assinado pelo líder do partido na Casa, Carlos Zarattini (SP) e os deputados Wadih Damous (SP) e Paulo Pimenta (RS).
“Delegados não podem se comportar dessa forma, discutir esse tipo de coisa na imprensa”, afirmou Zarattini à reportagem. Segundo ele, as declarações teriam o objetivo de “humilhar” o ex-presidente.
Os parlamentares também pedem a investigação do então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, por suposta omissão em relação à conduta dos delegados e por “antecipar operações de estrita confidencialidade e sigilo”.
O texto se refere ao episódio polêmico em que Moraes, em conversa com integrantes do Movimento Brasil Limpo, em Ribeirão Preto (SP), sugeriu que sabia de fase da Lava Jato que ainda não havia ocorrido.”Teve [operação] a semana passada e esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim”, afirmou o ministro.
O pedido de abertura de processo disciplinar também foi enviado à Procuradoria-Geral da República. Além disso, os deputados afirmam ter protocolado pedido semelhante na Corregedoria da Polícia Federal.
(FOLHAPRESS)
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