22 de dezembro de 2024
Entrevista • atualizado em 11/06/2022 às 21:17

PT não procurou Marconi para formar aliança desejada por Lula, diz presidente

De acordo com Kátia Maria, presidente do partido, os pré-candidatos da sigla trabalham em uma espécie de “treinamento”, para entrarem, preparados, em campo
Kátia Maria, presidente do PT em Goiás. Foto: Divulgação
Kátia Maria, presidente do PT em Goiás. Foto: Divulgação

Apesar da aproximação ao período das convenções eleitorais, o PT de Goiás segue com indefinição com relação ao nome que deverá representar a Federação Brasil da Esperança na chapa majoritária como pré-candidato ao Governo de Goiás. Após adiar novamente o encontro estadual para decisão, a presidente regional da sigla, Kátia Maria, apontou, em entrevista ao Diário de Goiás, as últimas estratégias realizadas e perspectivas para o próximo pleito e indicou que não procurou Marconi Perillo para negociar aliança apesar de notícias do desejo que seria apontado por Luís Inácio Lula da Silva.

De acordo com a política, o partido trabalha em prol de um consenso com a Federação, para a definição de algo que seja bom para os dois lados. Além disso, destaca a pretensão para a ampliação da representatividade do partido a nível federal e estadual, com a afirmativa de que todos os pré-candidatos encontram-se preparados para a disputa que virá, independente do que será definido nos próximos dias.

Confira, abaixo, a entrevista exclusiva concedida pela presidente do PT em Goiás ao editor do Diário de Goiás, Domingos Ketelbey, a respeito das eleições:

Domingos Ketelbey: Quais foram as fundamentações para adiar, mais uma vez, o encontro estadual do partido, que definirá o nome que deverá representar a Federação Brasil da Esperança na chapa majoritária como pré-candidato ao Governo de Goiás?

Kátia Maria: Olha, vamos fazer uma construção que caminhe na unidade mesmo, que não precise passar pela disputa nem dentro do PT, nem dentro da Federação. Então, todo o esforço que eu tenho feito é um esforço de construir uma unidade, porque não vai ser uma decisão só do Partido dos Trabalhadores e nem vai ser uma decisão só da Federação aqui em Goiás. Porque pelo regimento da Federação, agora, e pelo regimento do PT, é a direção nacional quem dá a palavra final. Então, o meu esforço e a minha tarefa aqui como coordenadora desse processo é tentar construir um palanque que seja consensual. Que seja bom para o PT de Goiás, que seja bom para a Federação e que esteja em consonância com o PT nacional. Então, nós estamos trabalhando muito para isso. Tivemos já várias reuniões, esse segundo encontro que adiamos, os partidos da Federação estão compreendendo esse processo, porque nós passamos por um momento de análise de dados. A pesquisa que nós fizemos mostra que o cenário em Goiás está completamente aberto, principalmente ao Senado, que tem 90% do eleitorado que não sabe em quem vai votar. Então as pessoas estão entendendo que é mais ou menos aquilo que os chineses fazem: eles gastam 90% do tempo planejando para ter sucesso nos 10% da execução. É mais ou menos o que a gente quer fazer aqui. De forma dialogada, de forma participativa. Nós poderíamos ter feito um encontro e jogado para o Executivo, mas preferimos deixar o adiamento, porque daria oportunidade aos nossos filiados, aos nossos delegados, de participar do debate, porque no PT a gente valoriza esse diálogo, essa maturação do tema. Claro que se não der unidade, a gente vai pro voto, mas nós queremos tentar construir a unidade.

“Não tem uma movimentação nossa aqui em Goiás para esse diálogo. Não procuramos e não temos ainda esse diálogo (com Marconi)”

Kátia Maria, presidente do PT de Goiás

Domingos Ketelbey: A Sra. cita o Senado como aberto. O nome para encabeçar a chapa majoritária está definido entre o Wolmir, mesmo, ou isso pode ser mudado?

Kátia Maria: O nome do Partido dos Trabalhadores é o professor Wolmir. Nós já o apresentamos à Federação e agora nós temos que construir essa unidade dentro da Federação, dentro dos partidos que compõem esse leque de aliança. E aí nós fizemos um compromisso de não apenas aos partidos da Federação, mas o PSB, que estava na Federação, na última hora saiu, mas ficamos acordados de como indicaram o vice do Lula, que aqui em Goiás a gente tentasse tirar o encaminhamento de forma a construir coletivamente. Não tem um alinhamento automático, nem nós a eles, nem eles a nós, mas o interesse político de estar junto, já que nós estaremos juntos na chapa da Presidência da República.

Domingos ketelbey: O PSB e o deputado federal Elias Vaz foram citados. Ele tenta ainda convencer o ex-governador José Eliton a mudar de ideia e voltar ao pleito. Mas ele diz que, sem o apoio da Federação, não volta atrás. Houve alguma conversa com relação a isso?

Kátia Maria: Depois que ele declinou da candidatura, não conversamos. Mas tenho mantido contato com o Elias Vaz, tenho um sentimento dele que, mesmo não sendo esse alinhamento automático, nos interessa construir um melhor palanque para o Lula, porque assim como eu, ele também tem essa tarefa, porque representa o vice-presidente da República aqui em Goiás. Então a gente tem dialogado. O PSB realmente fez esse debate, tem um desejo do PSB de ter um candidato a governador e um aceno de que o Zé Eliton poderia voltar e essa rodada, agora, eu acho que a gente vai poder aproveitar e aprofundar um pouco mais sobre qual é o melhor palanque para a gente poder garantir ao Lula a vitória aqui no Estado. Nós não queremos ganhar só no Brasil. Nós queremos que o Lula seja o vencedor da eleição presidencial aqui em Goiás, também.

Domingos Ketelbey: As pesquisas apontam, no Centro-Oeste, larga vantagem de Bolsonaro com 46%. As pesquisas aqui em Goiás, que o PT têm encomendado internamente, mostram esse mesmo percentual?

Kátia Maria: Mostra um cenário positivo, mas não é uma vantagem larga. Então, por isso, a nossa responsabilidade aumenta. Nas pesquisas que são publicadas, o Lula lidera. Mas é uma margem pequena e nós queremos ampliar essa diferença. Por isso é importante ter a unidade, porque para ampliar o palanque não pode ser o PT sozinho.

Domingos ketelbey: E quando será realizado esse encontro estadual, visto que estamos há um mês das convenções?

Kátia Maria: Temos o prazo de 15 de julho a 5 de agosto para as convenções e marcamos essa data a partir da maturação do tema, até para não ter que ficar nesse marca e desmarca. E faremos isso em consonância com os partidos da Federação e a direção nacional. O nosso calendário é vinculado com a direção nacional para que a gente possa fazer algo em consonância, para cumprir nossos principais objetivos, que é fazer do Lula o mais votado em Goiás, mas ampliar também a nossa bancada de deputados estaduais e federais. Tanto que eu, que fui candidata a governadora em 2018, agora venho como pré-candidata a deputada estadual, também, para somar nessa chapa.

Domingos Ketelbey: O PT trabalha com o nome de Wolmir Amado, mas não trabalha com um nome ao Senado. Essa indefinição no partido pode ser prejudicial?

Kátia Maria: Claro que se pudesse resolver mais rápido daria mais tempo para aproveitar melhor o período da pré-campanha. Não tenho dúvidas disso, Sou defensora da candidatura própria desde 2014, quando foi o Antônio Gomide. Depois, em 2018, eu própria fui candidata. Agora, apresentamos o nome do professor Wolmir. Mas o cenário político nos exige ampliar o palanque e nós temos que discutir isso. Se nós vamos conseguir convencer as pessoas para apoiar o Wolmir ou se nós vamos ser convencidos a apoiar outro candidato, precisa um pouco mais de tempo. E eu acredito que o que vai fazer diferença é exatamente essa unidade, para que quando o nosso time entrar em campo, que é a partir de 15 de agosto, oficialmente, onde será exatamente a seleção.Nós estamos em uma espécie de fase de treinamento. No dia 5 de agosto a gente vai, portanto, demonstrar a escalação e entrar em campo de verdade. E aí o time tem que estar preparado para entrar e ganhar a eleição.

Domingos Ketelbey: E o time vai estar preparado?

Kátia Maria: Com certeza! A nossa chapa está excelente. A nossa chapa de deputados federais e estaduais. Eu acho que essa é a principal tarefa, porque esses vão ser a linha de frente da candidatura majoritária. indiferente de quem vai ser o candidato. Então a tarefa de casa está sendo feita. gera uma agonia para acelerar o processo de definição do candidato ao governo? Sim! É natural. mas infelizmente o ambiente em que estamos vivendo é um ambiente atípico do momento. Estamos enfrentando fascismo, estamos enfrentando a fome, estamos falando de 33 milhões de pessoas que não têm o que comer, 58% de insegurança alimentar. Então, não dá para tratar uma eleição como as outras, porque essa não tem o mesmo contexto.

Domingos Ketelbey: Um possível alinhamento com o ex-governador Marconi Perillo existe, de fato, ou são apenas especulações?

Kátia Maria: Não tem uma movimentação nossa aqui em Goiás para esse diálogo. Não procuramos e não temos ainda esse diálogo. Agora, o que existe é que o cenário nacional, com dois condicionantes novos, tende a ter uma modificação. O primeiro deles é que na medida que as pesquisas acenam que o Lula pode ganhar no primeiro turno, aqueles partidos que estavam querendo demonstrar apoio no segundo turno começam a avaliar se não devem fazer isso no primeiro. Então, isso é um partido ou outro. Vários partidos estão fazendo essa análise e podem ter movimentações nesse próximo período. A outra questão são os partidos que tinham candidatos a presidente, na medida que retira a candidatura a presidente, é natural que quem vai ganhar a eleição queira o apoio desses partidos. Então, o que existe, é que a direção nacional,a partir do momento que o PSDB não tem candidato a presidente da República, façam um mapeamento dos estados que tenham possíveis lideranças e apoiaram a candidatura de Lula. Então, automaticamente, as 27 unidades da Federação serão analisadas para ver qual é o contexto que a gente tem. Mas não existe, ainda, conversa entre nós e o PSDB. Pode vir a ter? Pode ser. Mas não existe.


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