A Associação Brasileira de Psicologia de Tráfego (ABRAPSIT) divulgou, nesta quarta-feira (16), uma nota de esclarecimento em resposta às declarações do presidente do Detran de Goiás, delegado Waldir Soares. O dirigente criticou duramente a paralisação de 48 horas realizada por psicólogos e médicos credenciados ao órgão nos dias 15 e 16 de julho. Segundo ele, os profissionais envolvidos no movimento poderiam ser punidos com suspensão ou até descredenciamento.
A fala gerou indignação entre os profissionais e motivou uma reação firme da entidade representativa. A ABRAPSIT repudiou a postura do presidente do Detran-GO, classificando suas declarações como uma tentativa de desqualificar o trabalho técnico dos psicólogos, além de apontar a adoção de uma “postura coercitiva” com ameaças de punições que, segundo a associação, apenas aprofundam o sentimento de desvalorização da categoria.
Defasagem de nove anos
De acordo com a ABRAPSIT, a paralisação teve como objetivo chamar a atenção para a grave defasagem nos valores pagos pelas avaliações psicológicas exigidas no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Os profissionais denunciam que os valores estão congelados há nove anos, mesmo diante de aumentos sucessivos nos custos operacionais.
“O valor atualmente praticado para a avaliação psicológica encontra-se entre os menores quando comparados às demais taxas cobradas pelo Detran-GO, as quais são atualizadas anualmente”, afirmou a entidade. Ainda segundo a nota, os reajustes médios anuais aplicados pelas editoras dos testes psicológicos, essenciais ao serviço chegam a 10% ao ano, o que representa um aumento acumulado de 135,79% no período.
Tentativa de intimidação
Na nota, a ABRAPSIT lamenta o que chamou de tentativa de intimidação por parte da presidência do Detran-GO. A associação critica a exposição de dados isolados de faturamento como forma de justificar a negativa ao reajuste, sem considerar os custos envolvidos na prestação do serviço, como aluguel, aquisição de testes, tributos, equipamentos, internet, capacitação profissional e tempo de atendimento.
“A entidade e os profissionais reafirmam seu respeito ao direito de manifestação do representante do Detran-GO, contudo lamentam os ataques proferidos por seu presidente”, diz o texto. Segundo a ABRAPSIT, durante anos foram feitas tentativas de diálogo com o órgão estadual de trânsito, sem sucesso: “Durante todos esses anos, buscamos estabelecer diálogo com o órgão, apresentando os dados da defasagem e os altos custos de manutenção da perícia. No entanto, não obtivemos êxito”.
A ABRAPSIT encerra sua nota reafirmando que a paralisação não teve cunho político ou reivindicatório por privilégios. O objetivo é assegurar uma remuneração justa, compatível com a complexidade e responsabilidade envolvidas no trabalho de avaliação psicológica de condutores. A entidade reitera sua disposição para continuar dialogando de forma transparente, técnica e propositiva.
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