11 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 09:47

PSDB tira Andrada de comissão, mas ele pode continuar relator de denúncia

Deputado Bonifácio de Andrada (MG)
Deputado Bonifácio de Andrada (MG)

O PSDB decidiu retirar da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) o deputado Bonifácio de Andrada (MG), escolhido para ser o relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer. Para tentar conter os desgastes com o episódio, os tucanos pedirão que outro partido ceda uma vaga ao parlamentar, o que permitiria que ele desempenhasse essa função.

A cúpula do PSDB se reuniu com Andrada no início da tarde desta quinta-feira (5). A sigla insistiu para que o deputado se licenciasse temporariamente do partido, para evitar que seu relatório -provavelmente favorável a Temer- fosse vinculado diretamente aos tucanos. Bonifácio mais uma vez recusou essa opção e respondeu que continuaria como relator do caso.

O líder tucano na Câmara, Ricardo Tripoli (SP), disse que vai procurar o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), para comunicá-lo da destituição de Andrada da comissão e buscar um modo de mantê-lo na relatoria na vaga de outro partido.

“Temos a mais alta estima pelo deputado Bonifácio, mas ele sabe que nossa bancada está dividida e ponderamos que essa questão criaria uma dificuldade ao PSDB. Temos certeza de que outro partido o acolherá”, declarou.

O movimento tucano é uma maneira de tentar desvincular Andrada da sigla durante a votação da denúncia contra Temer -uma vez que o deputado deve entregar um parecer favorável ao presidente. O discurso do PSDB será o de que o partido trabalhou para retirá-lo da comissão e que ele só permaneceu na relatoria porque um partido aliado de Temer o indicou para o posto.

Andrada manifestou desconforto com o episódio. “Essa é uma atitude da liderança do partido. Não tenho nenhuma participação nessa articulação”, afirmou.

Para justificar o episódio, o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que Andrada não poderia ser substituído na relatoria do caso porque tem alto conhecimento jurídico.

“Não existe outro nome na CCJ com esse conhecimento. Ele fica no partido, mas não virá a dividir o partido por ocupar uma vaga que é do PSDB”, afirmou.

Pacheco, que escolheu Andrada para a função, disse à reportagem que o episódio é “lamentável”. “Não serei eu a dar solução, pois ficará a critério de algum partido disponibilizar a vaga”, afirmou.

A reação do presidente da CCJ não agradou aos tucanos. Tripoli disse ter “dúvidas” em relação ao comportamento de Pacheco durante o episódio e diz que o PSDB não foi comunicado antecipadamente por ele sobre a escolha de Andrada para a relatoria da denúncia.

Diversos partidos da base aliada de Temer já indicaram que podem ceder uma de suas vagas na CCJ para que Andrada permaneça na comissão e possa apresentar um relatório favorável ao presidente. PP, PR e PMDB são citados como partidos que poderiam exercer essa escolha.

Mesmo com a indefinição da legenda que deve abrir essa vaga, Andrada continua trabalhando na elaboração do parecer sobre a denúncia. Ele pretende apresentar o relatório na próxima semana. (Folhapress)

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