Polícia Federal carimba Michel Temer (PMDB) como corrupto, comprova que não houve edição na gravação da conversa dele com Joesley Batista, uma nova pesquisa DataFolha diz que temos o presidente da República mais rejeitado em 28 anos, há um notório balcão de negócios estabelecido pelo governo para assegurar apoio no Congresso e, enfim, Aécio Neves (PSDB) tem pedido de cassação no Senado arquivado. Resumo da ópera: sempre há espaço para ficar pior.{nomultithumb}
Temer se sustenta no PSDB, que se sustenta numa lógica que fica cada dia mais insustentável para seus filiados: o bem do Brasil. O bem do Brasil é garantir a governabilidade para um governo que é exemplo do que há de mais podre na República, e que se esmera em reafirmar os princípios desse exercício de prática política que contraria o que levou o povo às ruas e, antes, às urnas? O bem do Brasil é este bem do PSDB?
Curiosa é a situação do PMDB nessa barafunda toda. É o partido do navio do presidente. Um transatlântico que faz água por todos os lados, com lideranças incomodadas, envergonhadas, e emparedadas pela realidade. Ainda assim, parece menos desgastado que o PSDB. O que pode não ser mérito. Talvez seja a comprovação de que definitivamente o PMDB se transformou em um partido grande por natureza eleitoral, porém pequeno no conteúdo programático. Uma federação de interesses particulares, em vez de uma reunião de interessados no bem público.
PMDB e PSDB estão no limite. Um força para não perder o poder, e aí vale tudo. O outro esforça-se para chegar lá custe o que custar. Não é isso que estão dizendo, mas é isso que estão mostrando com seus atos. Pode ser que a estratégia do abraço amigo funcione e ambos elejam mais, se agigantem nas urnas. (No auge do Mensalão, o PT cresceu. Assim é o Brasil.) Se isso acontecer, será, entretanto, o fracasso da nova política, e o triunfo da velha, estabelecida a olhos vistos e esbugalhados. A vitória deles só existe com a derrota do povo nas ruas.