Com o discurso de que a resistência interna à candidatura foi resolvida, a cúpula do PSB terá uma reunião com Joaquim Barbosa nesta semana para acertar os próximos passos do projeto presidencial do partido.
Segundo o presidente da sigla, Carlos Siqueira, é muito provável que a candidatura do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) aconteça, mas ainda depende de como as conversas com Barbosa vão se encaminhar.
“Vamos discutir diretamente com ele, não pela imprensa”, afirma o dirigente.
A pesquisa de intenção de votos do Datafolha, publicada no fim de semana, animou os entusiastas da campanha de Barbosa -ele oscila de 9 a 10% e aparece entre os quatro primeiros colocados.
Para Siqueira, no entanto, o ex-ministro tem potencial ainda maior. “Ele não teve nenhuma exposição grande nos últimos anos e, mesmo assim, foi bem.”
A avaliação no PSB é que a popularidade cresceria se fossem feitas pesquisas apresentando a foto de Barbosa, em vez de apenas exibir o nome por escrito.
O partido tem a intenção de realizar levantamentos usando a imagem do ex-ministro, na expectativa de que haja uma ligação mais direta entre nome e pessoa.
“Ele é conhecido, mas passou muito tempo fora da mídia. Na hora que se apresenta a fotografia, a lembrança vem de imediato, principalmente para as pessoas mais simples”, afirma Siqueira.
Procurado via assessoria, Barbosa não comentou as negociações com o partido. A última manifestação dele foi no dia 6 de abril, quando se filiou à legenda no prazo final exigido pela legislação para quem quer concorrer em outubro.
Barbosa nunca disputou uma eleição, mas ganhou notoriedade pela forma como conduziu o julgamento do mensalão no STF, em 2012.
Ele foi visto na época como algoz do PT ao determinar a prisão de 12 réus condenados, entre eles o ex-presidente do partido José Genoino e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Resistências
Siqueira minimizou as resistências internas à candidatura de Barbosa. Parte das lideranças advoga que o partido faça coligação com outra sigla, em vez de ter nome próprio na disputa. “Os integrantes estão recebendo muito bem [a ideia de Barbosa ser o representante]”, disse o presidente.
Líder do PSB na Câmara, o deputado federal Júlio Delgado (MG) afirma que as divisões dentro da sigla estão superadas. “Pode haver agora mínimas defecções, mas que serão sanadas”, disse o parlamentar.
Aliados do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também afirmam que a resistência ao nome de Barbosa como candidato diminuiu nos últimos meses.
Os pessebistas acreditam que, com Lula fora da disputa, uma possível candidatura do PSB à Presidência não terá reflexo nas alianças estaduais.
O governador busca o apoio do PT para sua candidatura à reeleição. Num movimento de reaproximação com os petistas, foi um dos governadores que foram a Curitiba tentar visitar o ex-presidente Lula após a sua prisão.
“Acreditamos que Joaquim, pelos atributos pessoais e políticos que ele representa, pode ser uma alternativa que preencha as expectativas da sociedade brasileira frente ao atual quadro político”, afirma o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE).
Na Bahia, onde o PSB tem uma aliança histórica com o PT, o partido está concentrado em tentar reeleger a senadora Lídice da Mata com o apoio do governador Rui Costa (PT).
O partido descarta possibilidade de repetir a estratégia de 2014, quando Lídice disputou o governo do estado para dar palanque ao então candidato a presidente Eduardo Campos (PSB-PE), morto num acidente aéreo durante a campanha.
Mesmo sem garantir um palanque próprio, dirigentes do PSB baiano não têm objeção a uma possível candidatura de Barbosa.
“Ele pode entusiasmar, mas precisa se alinhar com as teses do partido. Precisa deixar de ser um fenômeno midiático para se tornar uma novidade programática do campo da centro-esquerda”, diz o ex-deputado Domingos Leonelli, secretário-geral do PSB da Bahia.
São Paulo
Nesta semana, o governador de São Paulo, Márcio França (que é do PSB), já falou na possibilidade de levar Barbosa para a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), como vice. O paulista vem defendendo que a sigla feche apoio à candidatura do tucano, de quem era vice-governador.
“O fato de ele [Barbosa] querer entrar para a política e de colocar o nome dele à disposição do partido é uma honra para nós”, afirmou França na segunda-feira (16). “Agora, decidir se vai ser candidato a presidente ou vice-candidato a presidente é uma coisa que a gente vai fazer mais à frente, de acordo com o andar da carruagem.”
Segundo o presidente nacional do PSB, França poderia dar palanque em São Paulo tanto a Barbosa como a Alckmin.
“Ainda que ele tenha um compromisso com o governador Alckmin, isso não impede que o partido dele lance uma candidatura”, disse Siqueira. (Folhapress)
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