Quase cinco milhões de goianos vão às urnas neste domingo (02/10) escolher seus representantes que conduzirão Goiás e o Brasil dentro dos próximos quatro anos nas eleições 2022. O que os goianos e os setores de produção tanto anseiam dos seus respectivos eleitos para os anos de 2023 a 2026?
O Diário de Goiás ouviu cientistas políticos e representantes de diversos setores para compreender quais seriam os principais desafios da próxima gestão estadual. Em Goiás, os desafios voltados à próxima administração serão, de acordo com o cientista político José Elias Domingos, voltados para áreas específicas, que necessitam de um cuidado especial.
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“Os desafios do novo governo, que no fundo vai ser o atual, pois as chances de Ronaldo Caiado ser reeleito são altíssimas, inclusive em primeiro turno envolvem várias áreas e frentes de atuação. A primeira, que destaco, é a necessidade imediata de uma boa articulação com o governo federal. Nós temos ciência de que o atual governo, Jair Bolsonaro, não será reeleito e essa nova composição de governo afetará diretamente em como o governo estadual terá que fazer o diálogo para conseguir angariar verbas para o estado”, pontuou.
Além dos laços políticos com o governo federal, o especialista destaca questões voltadas à educação, saúde e infraestrutura do Estado. “Outras questões que são muito relevantes e de extrema urgência no estado envolve, por exemplo, as várias obras inacabadas na área da educação”, enfatizou.
“As estruturas físicas dos hospitais e mesmo de pessoas, ainda é muito precarizada. Não basta somente a gente ter a construção de unidades de saúde, é preciso mantê-las organizadas, limpas, bem estruturadas, com aparência boa, recursos, materiais e pessoas qualificadas para trabalhar, com boa remuneração”, salientou.
Com relação ao desemprego, o cientista político evidenciou a baixa taxa do estado com base no segundo semestre do presente ano, em comparação a outras localidades. O destaque, neste sentido, é voltado ao Produto Interno Bruto (PIB). “A gente ainda tem altos índices, principalmente de pessoas na informalidade e empregos precarizados, com baixa remuneração e é o setor de serviços no estado de Goiás que compõe grande parte do PIB”, analisou, com a ressalva de que tal situação possui facetas também “étnicas etárias”, pelo fato de a precarização de emprego e informalidade atingir, em maior impacto, pessoas negras e jovens.
Por fim, o especialista frisou o bioma do cerrado goiano, que também necessita de foco do governo. “Dos estados que têm bioma do cerrado, Goiás é o que mais possui alteração no bioma. Cerca de 90% do território goiano do bioma do cerrado possui alterações. Tanto que nós temos pouquíssimos parques de preservação. O governo estadual precisa focar, também, nisso e não apenas no agronegócio”, ponderou.
Educação quer ‘compromisso com a carreira’
Na educação, o estado está classificado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em primeiro lugar a nível nacional do ensino médio público. Algo que, de acordo com profissionais da área, deve servir como incentivo para a valorização dos educadores e administrativos do setor. De acordo com a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Ludmylla Morais, a categoria vive, hoje, um momento de desânimo com relação aos salários, plano de carreira, dentre outros pontos. “Os candidatos falam muito da educação, mas falam pouco de quem faz a educação. Nos últimos anos, por exemplo, foi tirado o quinquênio, a licença-premium”, pontuou.
A líder destaca esperar que a próxima gestão leve mais valorização aos profissionais da área. “Nós esperamos que o próximo governador olhe para a educação com um olhar mais humanizado, para entender que pintar a escola é importante, é condição de trabalho e para os próprios estudantes, mas não é isso que garante educação de qualidade. Não adianta a escola estar pintada, ter um painel informando que a unidade recebeu recursos, mas o professor estar sem carreira”, frisou.
“Esperamos compromisso com a educação e com o povo. Esperamos um plano de carreira para professores estruturados e um plano de carreira para os servidores administrativos, concursos públicos, a volta da titularidade. Esperamos que o próximo governo pague o piso para os professores, cumpra o percentual de data-base para os administrativos. Que quem ganhe, priorize a gestão democrática das escolas, para que esse diretor seja comprometido com a comunidade que o elegeu”, salientou reforçando que o sindicato não briga por auxílios, em razão de garantia. “Os auxílios qualquer um pode tirar”, ponderou.
Da mesma forma, o Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), afirma lutar em defesa dos professores goianos. De acordo com a presidente da entidade, Fernanda Moi, as propostas apresentadas pelos candidatos concorrentes ao Executivo estadual têm sido acompanhadas com atenção, sobretudo no que diz respeito à educação, e espera, também, além do comprometimento com a área, a valorização da carreira dos professores.
“Embora saibamos que o Sinpro é uma instituição que luta pelos direitos dos professores da rede privada, devemos estar atentos às propostas feitas pois sabemos dos reflexos. Neste sentido, diante do cenário de crise pelo qual passamos, diante da mercantilização da educação e da precarização, cada dia maior, nas relações de trabalho dos professores, acreditamos piamente que o próximo governador do Estado deve estar altamente comprometido com a educação e valorização da carreira docente. Partimos da ideia de que a educação tem uma função libertadora e que é somente a partir e através de um ensino de qualidade que efetivamente poderemos reduzir as desigualdades econômicas e sociais, enfatizou.
Setor produtivo mira investimentos
No setor econômico, a perspectiva é para que a próxima administração foque em investimentos que tornem atrativo os setores comerciais e de turismo , com foco na recuperação financeira após o período de crise da pandemia de Covid-19. “Foi um período muito difícil, tanto para o setor público, mas principalmente para o privado. A expectativa é para que possamos voltar a crescer. Que o estado volte a ser um atrativo de investimentos e os empresários goianos também possam participar e fazer esses investimentos”, frisou o presidente da Fecomércio, Marcelo Baiocchi, ao Diário de Goiás.
“Nós acreditamos que hoje o que mais atrapalha a vinda de empresas para o estado são as questões de energia e água. Precisamos que esses dois setores deixem de ser problema e passem a ser um atrativo”, acrescentou Baiocchi.
Outra expectativa destacada pelo líder é para maior representatividade e proximidade do Executivo Legislativo goiano ao setor. “Queremos ter no poder público um grande parceiro para que as indústrias, comércios e empresas no turismo possam fazer seus investimentos com segurança. O que mais buscamos é a segurança jurídica e um bom ambiente de negócio”, ponderou.
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