O agravamento da paralisação dos caminhoneiros gera racionamento de combustível em cidades de todo o país e as empresas de ônibus já reduzem a frota ou operam em horário reduzido.
A SPUrbanuss, que representa as empresas de transporte coletivo de São Paulo, afirmou na tarde desta quarta-feira (23) que oito das 14 concessionárias associadas ao sindicato podem ter que fazer remanejamentos para manter as operações normais nesta quinta (24), mas não teriam combustível já para sexta-feira (25).
As outras seis empresas ligadas ao sindicato teriam diesel apenas para até sexta, não podendo circular a partir de sábado (26) caso o abastecimento não seja normalizado, já que elas não recebem diesel desde o início da semana por conta da paralisação dos caminhoneiros, segundo o sindicato.
A SPTrans afirmou, em nota, que trabalha com as autoridades do setor de segurança para garantir a continuidade do abastecimento. “A Diretoria de Operações intermediou ações junto ao comando da Polícia Militar para garantir a liberação dos caminhões de abastecimento a partir das refinarias até as garagens das empresas”, afirmou.
Segundo a SPUrbanuss, o sistema de ônibus da cidade de São Paulo consome diariamente 1,3 milhão de diesel para abastecer quase 14 mil ônibus, responsáveis pelo transporte de quase 6 milhões de passageiros. Além das 14 empresas representadas pelo sindicado, há outras 12 operando na capital paulista.
Vale do Paraíba
A situação é mais crítica no Vale do Paraíba, cujas cidades margeiam a rodovia Dutra e onde já falta combustíveis nos postos de ao menos seis cidades.
São José dos Campos, Jacareí, Pindamonhangaba, Taubaté, Guaratinguetá e Lorena já registram postos sem combustível ou com filas quilométricas nos estabelecimentos que ainda têm condições de atender.
Em Jacareí, a frota de ônibus está operando em horários reduzidos, como normalmente ocorre aos domingos. Ônibus que passavam em pontos a cada 15 minutos, por exemplo, agora passam a cada meia hora.
Ainda há combustível, mas a empresa responsável pelo serviço decidiu reduzir o fluxo nas ruas para racionar óleo diesel para os próximos dias, caso o protesto dos caminhoneiros persista.
As restrições estão sendo adotadas em outras localidades também. Maior cidade da região, São José dos Campos adotou restrição de combustível em alguns setores para atender prioritariamente os serviços de saúde e segurança, como Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e Guarda Civil Municipal.
No transporte público municipal, os ônibus passaram a circular com frota reduzida das 9h às 11h, das 14h às 16h e após as 20h.
A cidade tem registrado longas filas em postos de combustíveis, medida que deve acelerar o fim dos estoques dos postos.
Combustíveis também estão em falta em outras regiões do interior de São Paulo. Em Bebedouro, na região de Ribeirão Preto, já falta etanol em alguns postos.
Rio, Recife e João Pessoa
A falta de combustíveis gerada pela paralisação dos caminhoneiros fez com que a frota de ônibus fosse reduzida o Rio de Janeiro, Recife e João Pessoa.
No Rio de Janeiro, apenas 60% da frota de ônibus municipais e intermunicipais circulou no estado nesta quarta-feira (23), segundo a Fetranspor, entidade que representa as empresas do setor. A redução da frota atingiu especialmente a capital e cidades da região metropolitana.
Em comunicado, a entidade afirma que o “desabastecimento de óleo diesel nas garagens dos ônibus atingiu ponto crítico” e estima que, caso não haja reposição do estoque de combustíveis, somente cerca de 30% da frota deverá circular nesta quinta-feita (24).
Os ônibus estão sendo abastecidos, em caráter emergencial, em postos de gasolina, já que as reservas de óleo diesel nas empresas estão comprometidas. O consumo de óleo diesel chega a 2 milhões de litros por dia em todo o estado.
No Recife, a frota de 3.000 ônibus foi reduzida em 8%, segundo o consórcio Grande Recife. A medida de caráter emergência tem como objetivo reduzir o consumo de óleo diesel.
Já João Pessoa, somente 75% da frota circulou na tarde desta quarta, informou o Sintur, sindicato das empresas de transportes coletivos urbanos.
Também houve redução de frota em Campina Grande, maior cidade do interiror da Paraíba, onde 62% dos ônibus circulam normalmente.
Salvador
Em Salvador, também houve redução da frota de ônibus urbanos, mas motivada pela greve dos rodoviários que foi iniciada nesta quarta.
A prefeitura ingressou com uma ação na Justiça para garantir a circulação de uma frota mínima de 30% dos ônibus. Empresários e trabalhadores fazem uma rodada de negociação na tarde desta quarta para tentar chegar a um acordo. Os rodoviários pedem reajuste salarial de 6% . (Folhapress)
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