Milhares de pessoas compareceram nesta terça-feira (15) aos enterros dos palestinos mortos no confronto com as tropas israelenses na Faixa de Gaza na segunda (14), enquanto a região enfrenta novos protestos.
Ao menos uma pessoa, um palestino de 51 anos, foi morto ao participar de um ato próxima da fronteira com Israel, de acordo com autoridades de saúde da Faixa de Gaza.
A onda de manifestações chegou também à Cisjordânia, onde pequenos grupos protestaram nesta terça contra a ação dos militares israelenses, aumentando assim o temor de uma eclosão de violência -até então, os atos estavam restritos à Gaza.
Os protestos em Ramallah, Hebron e Belém reuniram centenas de manifestantes e tiveram confronto com soldados de Israel. Segundo o jornal Haaretez, 1.300 pessoas participam dos protestos nas três cidades e 48 ficaram feridas, mas não há detalhes sobre o estado de saúde delas.
Já na faixa de Gaza, 400 pessoas iniciaram um protesto e queimaram pneus próximos da fronteira com Israel, mas não há registros de feridos além do homem morto.
Durante a madrugada, o número de vítimas do confronto de segunda subiu para 60 após a morte de um bebê de oito meses, que a família diz ter sido causada por pela inalação de gás lacrimogêneo -médicos locais colocaram em dúvida a informação.
Segundo um repórter da revista The Economist, a mãe de Laila al-Ghandour deixou a criança em casa com familiares e foi participar dos protestos. O bebê, porém, começou a chorar e um de seus tios decidiu levá-lo até a mãe, que estava em uma tenda próxima da manifestação.
Durante o confronto, Laila acabou inalando gás lacrimogêneo, o que causou sua morte, segundo a família. “Quando chegamos em casa, a bebê tinha parado de chorar e pensamos que tinha adormecido. Então a levamos ao hospital infantil e o médico disse que ela tinha virado uma mártir”, disse a avó da criança, Heyam Omar.
A agência de notícias Associated Press, porém, disse que médicos em Gaza afirmaram que a morte pode ter sido causada por uma doença pré-existente, sem ligação com o gás.
O governo israelense disse nesta terça que 24 dos mortos eram militantes do Hamas, grupo radical islâmico que controla a faixa de Gaza e que Tel Aviv considera uma organização terrorista.
‘NAKBA’
Os protestos desta terça foram marcados para marcar os 70 anos da “Nakba” (tragédia), quando cerca de 700 mil palestinos fugiram ou foram expulsos da região após a criação do Estado de Israel.
Por isso, a expectativa era que estes atos fossem os maiores desde o início da atual onda de manifestações, chamada de “a grande marcha de retorno”, que começou em 30 de março.
Até o momento, porém, a presença está abaixo do esperado, com a participação de centenas de pessoas apenas. O número ficou bem abaixo dos 40 mil manifestantes que estavam nos atos de segunda -que foram marcados para o mesmo dia que os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém- que deixou 60 mortos e mais de 2.700 feridos.
Durante todo o período de manifestação, são 104 mortos e 11 mil feridos, de acordo com autoridades de saúde da faixa de Gaza. (Folhapress)
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