O sistema de transporte público da cidade de São Paulo sofre transtornos nesta quarta-feira (15) devido aos protestos de diversas entidades e sindicatos como parte do Dia Nacional de Paralisações e Greves.
Contra reformas trabalhista e da Previdência, motoristas e cobradores de ônibus, metroviários, professores, metalúrgicos e diversas outras categorias fazem paralisações e bloqueios em alguns pontos da cidade.
Às 8h, a cidade registrava 138 km de congestionamento, o que corresponde a cerca de 16% dos 868 km de vias monitoradas -índice bem acima da média superior para o horário, que é de 5%. De acordo com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as piores regiões eram: oeste (41 km), sul (43km), leste (27 km), norte (18 km), centro (9 km).
A encarregada de limpeza Eunice da Silva Santos, 51, conseguiu uma carona de Juquitiba (Grande SP) até a avenida João Dias. De lá, tenta pegar um ônibus até Santo Amaro. “Minha chefe disse que vai tentar me pegar lá de carro.
Trabalho na área médica, que não pode ficar sem limpeza”.
Na zona sul de São Paulo, a população está utilizando os ônibus das linhas locais, que são menores e não aderiram à paralisação, na tentativa de chegar ao trabalho. Essas linhas estão bastante lotadas.
Muitos acabam esperando por horas, sem sucesso, por coletivos nos grandes corredores. “Saí de casa às 4h30. Agora são 7h e nada”, diz o barman Geler Noel, 29, haitiano, que mora na Vila das Belezas, extremo sul da cidade.
Responsável por abrir o restaurante onde trabalha, na avenida Paulista, às 7h, ele pretende aguardar o fim da paralisação para ir ao trabalho.
O terminal Vila Nova Cachoeirinha, 1 dos 10 maiores terminais de ônibus de São Paulo, amanheceu vazio devido à paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus. Apesar das decisões judiciais, o sindicato dos motoristas de ônibus manteve a suspensão das atividades.
A Justiça concedeu liminar, pedida pela gestão João Doria (PSDB), para garantir que seja mantida a maioria da frota de ônibus na cidade de São Paulo durante a greve. Já o Tribunal Regional do Trabalho determinou que não poderá ocorrer qualquer paralisação, em resposta a pedido da SPTrans (São Paulo Transportes), empresa municipal.
METRÔ
A partir das 6h25 desta quarta-feira (15), o Metrô paulista iniciou o plano de contingência com a operação parcial das linhas 1-azul, 2-verde e 3-vermelha, além do funcionamento da linha 5-lilás em toda a sua extensão.
Com o plano, a linha 3-vermelha circula entre as estações Marechal Deodoro e Bresser-Mooca. Nesse trecho, os usuários podem fazer integração com as linhas 1-azul na Sé, 4-amarela na República, e 7-Rubi (CPTM), 10-Turquesa (CPTM), 11-Coral (CPTM) e 12-Safira (CPTM) na estação Brás.
Os usuários que conseguiram entrar nas estações nesse trecho não enfrentam problemas de lotação, como aconteceu diariamente nesse horário de rush. Na estação Anhangabau, o movimento nas plataformas e dentro dos trens estava bastante tranquilo no sentido Barra-Funda.
A linha 4-amarela não foi afetada pela paralisação dos metroviários porque é privatizada.
CPTM
Surpreendentemente, embarque era feito sem filas na estação Guaianases, da linha 11-coral da CPTM, por volta das 6h40. De acordo com agentes da companhia, o movimento está abaixo da média para o horário.
A recepcionista Shirley Batista, 39, disse que chegou a acordar mais cedo na expectativa de pegar filas para embarcar na estação, o que não ocorreu. “Até agora, deu tudo certo. Vamos ver até eu chegar no trabalho”, disse ela que trabalha na região da avenida Paulista.
O movimento de vans e ônibus é constante, embora passageiros digam que algumas linhas não estejam operando.
SANTOS
A cidade de Santos, no litoral paulista, amanheceu sem ônibus devido aos protestos pelo Dia Nacional de Paralisações e Greves contra as reformas da Previdenciária e Trabalhista.
Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), a previsão é que os coletivos voltem a circular por volta das 8h30. O porto de Santos opera normalmente, segundo a guarda portuária.
RODOVIAS
A rodovia Presidente Dutra tem bloqueios em vários trechos devido aos protestos contra a reforma da Previdência.
No sentido São Paulo, as interdições ocorrem na pista marginal, entre o km 219 e o km 229, em Guarulhos (Grande São Paulo) e na pista expressa do km 226 ao km 229. No sentido Rio, a interdição ocorre na cidade de São José dos Campos, entre o km 151 e 146.
De acordo com o sindicato dos Metalúrgicos, as principais fábricas de Osasco e região amanheceram com as máquinas paradas em protesto contra a retirada de direitos.
USP
Estudantes e servidores da USP (Universidade de São Paulo) bloqueiam desde as 6h40 a entrada principal da instituição na rua Alvarenga. Segundo a Guarda Universitária, participam do protesto cerca de cem pessoas.
A direção da Adusp (Associação dos Docentes) e do Sintusp (sindicato dos trabalhadores) da USP (Universidade de São Paulo) também participam do Dia Nacional de Lutas.
A Adusp informou que a partir do meio-dia as atividades do campus serão interrompidas para que todos possam participar da manifestação, marcada para as 15h na praça da ciclista, na avenida Paulista, região central de São Paulo.
RODÍZIO
O rodízio municipal de veículos em São Paulo está suspenso nesta quarta-feira (15) por conta da paralisação que podem afetar os ônibus e metrôs. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as restrições de circulação para caminhões seguem valendo normalmente.
Os corredores de ônibus estarão liberados para o tráfego de táxis, com ou sem passageiros, e ônibus fretados. Durante toda a manhã, até o meio-dia, carros também poderão circular nas faixas exclusivas para ônibus, segundo a CET. O estacionamento em vagas da Zona Azul está liberado gratuitamente.
A CET informou em nota que a “medida tem como objetivo garantir a mobilidade do cidadão e valerá apenas para os carros”.
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