18 de novembro de 2024
Brasil

Projeto do PT busca travar promessas de privatização de Doria em SP

Um projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo pretende complicar uma das principais promessas de João Doria (PSDB): a venda do autódromo de Interlagos e do complexo do Anhembi, além da conceder o estádio do Pacaembu à iniciativa privada.

O projeto é uma emenda à Lei Orgânica do Município e propõe consultas populares obrigatórias em caso de venda de imóveis históricos da cidade, como o Pacaembu e o autódromo.

O texto foi apresentado nesta quarta-feira (19) pelo vereador Alfredinho (PT) e foi assinado por outros 18 vereadores para entrar na pauta da Casa. Agora, ele passará por comissões da Câmara, como a de Justiça, antes de ser votada em plenário.

Para ser aprovado e passar a valer, o projeto terá que ser aprovado por 37 dos 55 vereadores da Casa. A oposição a Doria, no entanto, deve contar com apenas 11 vereadores -nove do PT e dois do PSOL.

“A população precisa ser consultada sobre esses projetos. Esses imóveis são patrimônios da cidade. Daqui a pouco ele [Doria] vai querer vender a sede da prefeitura”, diz Alfredinho.

Por conta da tramitação nas comissões, dificilmente o texto será votado neste ano, ainda sob gestão de Fernando Haddad (PT).

Na campanha, Doria afirmou que irá conceder o estádio, e vender o autódromo e o Anhembi. De acordo com ele, a cidade irá arrecadar R$ 7 bilhões com as vendas. O tucano promete que essa verba será a solução para as finanças, a saúde e a educação na capital.

EMPECILHOS

Conforme a Folha de S.Paulo mostrou neste mês, as privatizações e concessões planejadas pelo prefeito eleito João Doria devem esbarrar na crise econômica, no desafio de atrair interessados e na resistência de moradores e de órgão de patrimônio histórico.

Atualmente, Interlagos e o Anhembi são geridos pela SPTuris, empresa que tem a prefeitura como maior acionista.

Segundo Doria, os espaços manterão as atuais finalidades. Para especialistas, pode ser um obstáculo para negociá-los, em cenário econômico de incertezas. “É possível regular um ativo quando se vende, mas isso traz um risco ao investidor”, diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper. Para ele, Doria terá de mostrar a empresários que não intervirá em excesso nos contratos.

Consultora em regulação e professora da FGV, Vera Monteiro avalia que a manutenção do uso é complicada no caso do autódromo. Para ela, o futuro dono pode querer dar ao local outra destinação se não obtiver lucro com corridas.

(FOLHAPRESS)


Leia mais sobre: Brasil