23 de novembro de 2024
Cidades

Professores da UFG se destacam em lista que reúne pesquisadores de todo o mundo

Por portaria, UFG e outras Ifes teriam que retomar aulas presenciais em março. (Foto: Reprodução )
Por portaria, UFG e outras Ifes teriam que retomar aulas presenciais em março. (Foto: Reprodução )

Professores da Universidade Federal de Goiás (UFG) se destacaram mundialmente entre pesquisadores reconhecidos por uma lista baseada em dados da Scopus, que é o maior banco de informações de resumos e citações de literatura científica do mundo.

No total, 600 brasileiros foram citados, sendo quatro da UFG. São eles: José Alexandre Felizola Diniz Filho, Luís Maurício Bini (ambos do Instituto de Ciências Biológicas); Carlos Estrela, da Faculdade de Odontologia; e José Realino de Paula, da Faculdade de Farmácia. Arthur Anker, professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal (PGBAN), também apareceu.

Como destaque da produção científica em 2019, aparecem na lista José Alexandre Felizola Diniz Filho, Luís Maurício Bini, Rafael Loyola, Thiago Rangel e Paulo de Marco, todos do ICB. Carlos Estrela (FO), Arthur Anker (PGBAN) e Wendell Coutro, do Instituto de Química (IQ), também figuram na lista, além de professores como Adriano Melo e Joaquin Hortal, associados ao PPG em Ecologia e Evolução da UFG.

Diniz Filho aparece como 513º em cerca de 48 mil pesquisadores da subárea de Ecologia, enquanto Bini é o 1259º. Em 55 mil pesquisadores da subárea Odontologia, Estrela é o 695º. Em Química Médica, Realino de Paula figura em 1144º de 80 mil pesquisadores pelo mundo.

O reitor da UFG, Edward Madureira, credita os resultados ao investimento em ciência e tecnologia aportado nas universidades na década passada. Segundo ele, “a UFG tornou-se atrativa para pessoas com formação muito sólida” a partir desses investimentos.

De acordo com Madureira, as menções honrosas são naturais e “fruto de amadurecimento da universidade”. Ele argumenta que o investimento realizado há anos começa a render resultados após um tempo de maturação e aponta que “essa lista tende a crescer nos próximos anos”. O reitor destaca ainda que o número de doutorados na UFG subiu de 10 para 44 em cerca de 15 anos.

“As pessoas vão fazendo parcerias, e os cursos de pós-graduação vão crescendo, as cooperações nacionais e internacionais avançam. O resultado disso é uma produção científica cada vez mais robusta. É uma resposta a investimentos, em infraestrutura de pesquisa e uma política de atração desses professores”, disse o reitor ao Diário de Goiás.

Um dos docentes com destaque na lista, José Alexandre Felizola Diniz Filho relatou que o reconhecimento é muito importante para os cientistas, especialmente em um momento de uma “onda de ataques à ciência e negacionismo”.

Diniz Filho cita também os investimentos nas universidades brasileiras na última década, que fizeram, argumenta, a UFG subir de patamar em pesquisa. “A partir de 2010, 2011, tivemos uma mudança muito grande no perfil das universidades com o Reuni (programa do governo federal para expansão universitária). O sistema aumentou. A universidade praticamente dobrou de tamanho de 2010 para cá. Os cursos de pós-graduação mais que triplicaram, e as notas começaram a melhorar”, destaca. Ele lembra também que, com mais recursos, foi possível atrair profissionais com extenso currículo em pesquisa.

Alerta

O reitor Edward Madureira cita que o Brasil já esteve em 12º entre os países que mais produzem conhecimento novo. Recentemente, o país perdeu duas posições neste ranking. Ele alerta para a redução de investimentos em ciência e tecnologia e prevê prejuízos caso o quadro não seja revertido. “Essa trajetória ascendente pode sofrer, dentro de algum tempo, uma reversão”, avalia.

Madureira diz que é urgente recuperar o orçamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, além de bolsas do CNPq e Finep e retomar os investimentos da Capes. No âmbito estadual, o reitor cita a importância do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e pede que o orçamento volte a ser vinculado. “Esses resultados passam por investimento público, como é em todo o mundo”, argumenta.

O professor José Alexandre Felizola Diniz Filho afirma que a carreira científica é muito pouco valorizada no país e lembra que as bolsas existentes já não têm valores tão altos. “É um problema que existe há algum tempo. Para algumas áreas, esse valor é muito baixo”, diz. A situação se agrava, prossegue, com o corte de bolsas. “O CNPq praticamente acabou com as bolsas e a Capes reduziu quase pela metade”, citou.

Diniz Filho relatou ainda que a área de Ecologia da UFG, que tem nota máxima na avaliação do MEC, não poderá abrir mais vagas de doutorado a partir do próximo ano, uma vez que não há bolsas disponíveis. “Só poderemos abrir novas vagas no doutorado se alguma outra instituição nos repassar bolsas”, explica.

O professor diz que a sociedade, por vezes, não entende a ligação entre ciência e desenvolvimento e, por isso, o reconhecimento ao trabalho científico é tão penoso. “As pessoas precisam entender que o bem-estar está ligado à ciência. Na pandemia, os avanços que temos são ligados à ciência”, destaca. O professor ressalta ainda que há má vontade no Brasil de se investir em ciência e educação e pontua que o principal aporte ao conhecimento científico parte do poder público. “Se olharmos a lista, veremos que a maioria dos pesquisadores são de instituições públicas. É investimento público. Sempre o Estado é que vai deter esse potencial”, frisa.


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