19 de novembro de 2024
Cidades

Produtor perde 46 mil frangos por falta de energia e deixa Caiado enfurecido com Enel

A paciência do governador Ronaldo Caiado (DEM) com a Enel, companhia italiana que fornece energia elétrica ao Estado de Goiás, parece ter chegado ao fim. O desgaste já é público há alguns meses. Caiado chegou a comunicar ao Governo Federal que iria dar inicio ao processo de rescisão da concessão. Um acordo em agosto deu indícios que a relação melhoraria. Essa semana, no entanto, Caiado voltou à atacar por mais de uma vez. Ontem (16/11), o governador foi às as redes sociais em um vídeo que chamou a Enel de irresponsável e que por falta de energia na região de Americano do Brasil, um produtor de aves da região acabou perdendo mais de 46 mil frangos.

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Ronaldo Caiado estava em sua propriedade rural de Americano do Brasil ao lado de uma das responsáveis pela criação de frangos para comercialização em frigoríficos. Caiado questionou ela sobre o “desastre” em consequência da “irresponsabilidade” da Enel. Flávia que representava a empresa que sofreu a baixa explicou que um gerador queimou quando houve uma queda de energia na região. Ela teve que locar um novo gerador e quando conseguiu restabelecer a energia no local, aproximadamente 46 mil frangos haviam morrido.

Ronaldo Caiado já disse que pediu ajuda ao presidente Jair Bolsonaro, já que o setor elétrico é regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que já havia conciliado anteriormente na costura do acordo entre Governo do Estado e Enel.

Mesmo com um acordo realizado a situação não melhorou e até outubro de 2019, o Procon Goiás registrou aumento de quase 50% no número de reclamações contra a empresa. De acordo com Caiado, todos estão sofrendo com o problema. “É o produtor rural, o cidadão urbano, empresas pequenas, de médio e grande porte. Todo mundo está sofrendo duramente”, lembrou o governador. “A falta de energia é generalizada. Todo mundo está jogando mercadoria fora”, completou. Os 46 mil frangos perdidos em Americano do Brasil seria apenas um dos diversos episódios que ilustrariam o caos do serviço de energia.

Termo de Compromisso

O termo de compromisso assinado em agosto pareceu ter colocado um ponto final nas polêmicas e críticas. A sinalização era de que a Companhia procuraria priorizar a melhor qualidade de serviços em Goiás. “A partir de agora, os empresários aqui em Goiás terão a tranquilidade para poder voltar a investir com qualidade de energia elétrica”, pontuou o governador de Goiás no ato da assinatura, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira em Goiânia. Teve até presença do presidente do Congresso Nacional, o deputado federal Rodrigo Maia, do DEM.

Na época, Caiado foi questionado se a Enel realmente iria cumprir com o acordo, tendo em vista que já houveram outras promessas de melhorias no passado. Em sua resposta, Caiado terceirizou a culpa desses acordos mal sucedidos nas gestões que o antecederam. Afirmou que a partir de agora, eram “novos tempos” no Governo. Caiado ressaltou que aquela era a primeira tentativa e acordo feito com a Enel partindo do seu governo. “Vou fazer uma correção: nunca houve nenhum acordo da minha parte. Agora, nós temos um momento diferente no governo. Primeiro, porque tem outro governador. Segundo, temos um governo independente e capaz de poder exigir com credibilidade moral que a Enel atenda as nossas exigências”, sentenciou.

Histórico da polêmica

Os serviços prestados pela Enel em Goiás nunca foram unanimidade. Desde a privatização consolidada em 2017, a empresa vinha recebendo críticas de produtores rurais e comerciantes. Elas começaram a se acentuar no início deste ano. Desde janeiro, o governador Ronaldo Caiado vem cobrando melhorias no sistema de distribuição de energia elétrica no Estado de Goiás. O primeiro encontro entre o mandatário goiano e o diretor-presidente da Enel, Abel Rochinha se deu em janeiro e Caiado já manifestou suas reivindicações. Mesmo assim, não houve um retorno na qualidade do serviço.

A qualidade dos serviços da companhia italiana também é alvo desde fevereiro de uma CPI na Alego. Os parlamentares a instituíram para buscar os motivos pelos quais a companhia tem um dos piores serviços no setor.

Em fevereiro, representantes do setor agropecuário e comerciantes realizaram protestos na porta da sede da Enel, em Goiânia. “Não iremos descansar enquanto isto não se resolver”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) Zé Mário Schreiner ao Diário de Goiás, no dia. 

Além de reinvindicarem melhores qualidades no serviço de fornecimento, alegaram que o mesmo era péssimo e ainda assim ainda pagavam uma das maiores tarifas do Brasil. “Goiás não merece essa situação”, desabafou Zé Mário, em entrevista à época concedida ao Diário de Goiás.

 


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