19 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:23

Procuradoria suspeita de propina a Cabral por contrato na Rio-16

O Ministério Público Federal suspeita que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) recebeu propina por contrato firmado pela empresa Masan Serviços Especializados com o comitê organizador da Olimpíada de 2016.

No pedido de prisão do empresário Marco Antônio de Luca, sócio da Masan, a Procuradoria lista seis contratos da empresa com a Rio-16. A firma forneceu mão de obra para limpeza e atendimento, além de refeições, a partir de setembro de 2015. A procuradoria solicitou informações ao comitê sobre os acordos.

Bilhetes apreendidos na casa de Luiz Carlos Bezerra, responsável por recolher o dinheiro de propina da quadrilha, atribuem a Luca o pagamento de R$ 3,05 milhões em 2016 -são os valores indicados a “Louco”, apelido dado ao empresário.

“Há indicativos de pagamento de propina após a saída do ex-governador. E foi quando a Olimpíada ocorreu. São indicativos. Vamos analisar as informações a serem enviadas pelo comitê. A partir daí, somando as informações que já temos, vamos tirar nossas conclusões”, afirmou a procuradora Fabiana Schneider, da força-tarefa da Lava Jato no Rio.

O comitê organizador dos Jogos inicialmente usaria apenas recursos privados em seu orçamento. Contudo, às vésperas dos Jogos, precisou de socorro financeiro dos governos. A União viabilizou patrocínios dias antes da abertura. A Prefeitura do Rio repassou R$ 30 milhões, num convênio que previa no total R$ 150 milhões.

Parte desse dinheiro foi usados nas intervenções emergenciais na Vila dos Atletas, que apresentou problemas após a chegada dos hóspedes. Um dos contratos da Masan foi firmado justamente por esse motivo. O objeto do acordo foi “prestação de serviços de limpeza e manutenção predial em caráter emergencial na Vila dos Atletas”.

A Procuradoria cita ainda no pedido de prisão preventiva de Luca a ajuda emergencial de R$ 2,9 bilhões dada pelo governo federal ao Estado para a realização do evento, além do investimento em arenas e convênios feitos com o COB (Comitê Olímpico do Brasil). Esses recursos, contudo, não passaram pelo comitê organizador dos Jogos.

Outro lado

O comitê organizador afirmou que o maior contrato da Masan foi submetido a aprovação no Conselho Diretor da entidade duas vezes. O colegiado conta com dez pessoas, sendo três dos governos federal, estadual e municipal.

A entidade diz ainda que a contratação emergencia da empresa de Luca ocorreu porque ela era a única capaz de fornecer mão de obra na quantidade e velocidade exigida para solucionar os problemas da Vila dos Atletas. Este contratação também foi submetida ao conselho.

“Não há a mínima chance de Cabral ter influência no conselho. E ainda devemos à Masan. Se houvesse algum apadrinhamento, ela teria recebido”, disse o diretor de Comunicação da Rio-16, Mario Andrada. A dívida da entidade com a empresa é de R$ 16 milhões.

Procurada, a Masan não se pronunciou. A defesa de Cabral disse que vai se manifestar no processo. (Folhapress)

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