22 de dezembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 10:05

Procuradoria nos EUA conclui fase de acusação contra José Maria Marin

José Maria Marin. (Foto: Divulgação TV Brasil)
José Maria Marin. (Foto: Divulgação TV Brasil)

“Da boca do próprio Marin, vocês podem ouvir que ele recebeu propina.”

Kristin Mace, a procuradora americana que abriu as considerações finais do julgamento do escândalo de corrupção da Fifa, lembrou a gravação de uma conversa do ex-presidente da CBF com o empresário J. Hawilla como prova cabal dos crimes dos quais o cartola é acusado em Nova York.

José Maria Marin, um dos réus do caso que ainda se declaram inocentes, é suspeito de cometer sete crimes, entre eles corrupção, lavagem de dinheiro e crimes financeiros em relação a contratos da Copa América, da Copa Libertadores e da Copa do Brasil ao longo dos últimos cinco anos.

Na reta final do julgamento, procuradores apontaram a Fifa como maior vítima do esquema e relembraram a conversa do cartola com o dono da Traffic, detalhes de e-mails e planilhas de pagamentos secretos de um executivo da Torneos y Competencias, a firma argentina de marketing esportivo no centro do esquema, além de extratos bancários de Marin.

Ele teria movimentado até US$ 200 mil por mês de uma conta do banco nova-iorquino Morgan Stanley no nome da Firelli, uma empresa de sua propriedade, para fazer compras em lojas de luxo em Nova York, Paris e Las Vegas -ele deixou, por exemplo, US$ 50 mil na Bulgari, US$ 28 mil na Dior, US$ 22 mil na Valentino, entre outros gastos.

Muitos desses mimos de grife tinham sua mulher, Neusa, como provável destino. No dia das considerações finais do julgamento, ela foi com o marido até o tribunal.

Desde o início do julgamento, no entanto, ela preferiu não ver os relatos das testemunhas e ficou no apartamento do casal na Trump Tower, torre de luxo em Manhattan onde Marin cumpre prisão domiciliar há dois anos.

Segundo a Justiça americana, o ex-presidente da CBF recebeu no total US$ 6,55 milhões em propina desde que assumiu o comando do órgão, em 2012, quando entrou no lugar de Ricardo Teixeira, cartola “expulso do futebol em meio a escândalos”, nas palavras da procuradora.

Mace ainda deu detalhes de como o dinheiro pago por empresas de marketing esportivo, entre elas Traffic, Torneos, Full Play e Klefer, chegava às mãos de Marin por meio de transferências a empresas de fachada criadas por Wagner Abrahão, dono da agência de viagens Stella Barros que também prestava serviços de logística para a CBF.

Na mesma conversa em que foi flagrado discutindo propina com Hawilla, Marin diz ter “enfrentado a Fifa sozinho” em defesa de Abrahão, o que, segundo os procuradores, deixa bem claro o seu vínculo com esse empresário.

Duas firmas no nome de Abrahão, a Support Travel e a Expertise, recebiam transferências de offshores das firmas de marketing e repassavam esses valores à conta da Firelli, empresa de Marin sediada nos Estados Unidos.

Em julho de 2013, por exemplo, uma remessa de US$ 3 milhões partiu da Support para a Firelli. Outros três pagamentos, cada um no valor de US$ 500 mil, foram transferidos da Expertise à firma de fachada do cartola.

“O caminho do dinheiro até Marin era complicado”, disse Mace aos jurados na Corte de Justiça do Brooklyn. “Mas essa era mesmo a ideia. É uma forma de esconder e disfarçar o dinheiro ilícito.”

Os 12 jurados, que não tiveram os nomes divulgados e não podem falar sobre o caso, devem chegar a um veredicto por unanimidade.

Eles começam a deliberar sobre o destino de Marin e outros dois réus, o paraguaio Juan Angel Napout e o peruano Manuel Burga, no fim dessa semana. (Folhapress)

Leia mais:


Leia mais sobre: Mundo