A Procuradoria-Geral da República deve pedir nas próximas semanas a abertura de inquérito para investigar o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) diante do depoimento de José Yunes, ex-assessor do presidente Michel Temer.
Yunes prestou depoimento na semana passada aos procuradores em Brasília.
O ex-assessor de Temer disse à PGR, e também em entrevista à colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, na quinta (23), ter recebido um “pacote” em 2014, em seu escritório político em São Paulo, entregue por Lucio Funaro, a pedido de Padilha.
Com a versão contada por Yunes, a PGR avalia ser inevitável pedir ao STF (Supremo Tribunal Federal) autorização para investigar o ministro.
Yunes, que pediu demissão em dezembro, disse ter sido um “mula” de Padliha.
Em sua delação premiada, cujo teor foi revelado em dezembro passado, Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht, afirmou ter participado de um jantar no Palácio do Jaburu com Marcelo Odebrecht, Temer e o hoje chefe da Casa Civil.
Na ocasião, contou Melo Filho, Temer pediu apoio financeiro para o PMDB na campanha eleitoral de 2014.
O empreiteiro afirmou, ainda segundo a delação, que pagaria R$ 10 milhões, sendo que R$ 4 milhões ficariam sob responsabilidade de Padilha. Melo Filho diz que um dos pagamentos foi feito na sede do escritório de advocacia de Yunes, no Jardim Europa, em São Paulo.
Agora, Yunes conta que, naquele ano, em meio à campanha eleitoral, recebeu um telefonema de Padilha, afirmando que precisaria de um favor.
O hoje ministro queria que Yunes recebesse em seu escritório alguns “documentos”, que depois seriam retirados de lá por um emissário.
O empresário concordou.
Na hora combinada, Lucio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), apareceu no escritório. “Ele chegou trazendo um pacote”, diz Yunes.
Yunes diz que até hoje não sabe o conteúdo do pacote e que não se preocupou na época em esclarecer o que havia dentro dele.
Licença
O ministro da Casa Civil tirou licença do governo alegando problemas de saúde.
Padilha viajou para Porto Alegre (RS), onde tem residência, e deve fazer ainda no fim de semana uma cirurgia para retirada da próstata.
A previsão inicial é de que no dia 6 de março ele volte a despachar em seu gabinete no Palácio do Planalto. (Folhapress)
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