O MPF (Ministério Público Federal) apresentou, nesta quinta-feira (19), petição para que registros telefônicos do empresário Glaucos da Costamarques sejam juntados ao processo que envolve a suposta compra pela Odebrecht de um terreno para o Instituto Lula.
O relatório, produzido por meio da quebra do sigilo telefônico de Costamarques, mostra que foram efetuadas 12 ligações entre o empresário e o advogado Roberto Teixeira, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O contato se deu no período em que Costamarques esteve internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
O empresário é suspeito de ter atuado como laranja na aquisição de um apartamento em São Bernardo do Campo (SP), vizinho ao que Lula mora. O apartamento, segundo a acusação, teria sido comprado com propina da Odebrecht, obtida por meio de contratos com a Petrobras.
Costamarques afirma que só passou a receber os aluguéis do apartamento ao final de 2015. A defesa de Lula enviou à Justiça 26 recibos de aluguel com o objetivo de comprovar os pagamentos.
O empresário, então, disse que todos os recibos foram assinados no mesmo dia, durante sua internação. Segundo ele, após visita de Teixeira, o contador João Leite foi ao hospital recolher sua assinatura.
O Sírio Libanês confirmou na semana passada que Leite fez três visitas a Costamarques, mas disse que o nome de Teixeira não constava nos registros.
Na petição apresentada nesta quinta, a Procuradoria afirma que “os elementos ora trazidos vêm a corroborar a narrativa feita por Glaucos da Costamarques a respeito de ter sido contatado por Roberto Teixeira, durante a internação”.
O Ministério Público ressalta que as ligações foram “atípicas”. “(…) Ambos Glaucos e Roberto Teixeira, anteriormente, só haviam mantido contatos telefônicos no dia 17/02/2015 e 23/10/2015.”
OUTRO LADO
Em nota, a defesa de Lula diz que a Procuradoria criou “nova versão fantasiosa” após o envio dos registros do Sírio Libanês. “Os ofícios mostram que o Sr. Glaucos da Costamarques não foi visitado no hospital pelo advogado Roberto Teixeira enquanto estava internado.”
Segundo o texto, a força-tarefa voltou a agir “de modo desleal”, anexando ao processo “um relatório unilateral, com base em dados telefônicos que dispunha desde janeiro de 2017 e que em relação aos quais a defesa do ex-presidente Lula não tem acesso”.
A nota afirma, ainda, que o Ministério Público busca “confundir chamadas não efetivadas e ainda chamadas dirigidas a um ramal central com supostos telefonemas ao advogado Roberto Teixeira”.
De acordo com a defesa, três elementos comprovam a narrativa de Lula: “(i) quebra do sigilo bancário do proprietário, mostrando que ele recebeu entre 2011 e 2015 diversos pagamentos em dinheiro, que superam em mais de sete vezes o valor total dos aluguéis; (ii) pagamento do carnê-leão sobre o recebimento dos aluguéis; (iii) declaração do contador de que recebia das mãos do proprietário e periodicamente os recibos de locação”.
Na semana passada, Lula apresentou declaração do contador João Leite, afirmando ter prestado serviços a Costamarques de 2010 a 2015 e ter recebido periodicamente recibos relativos aos pagamentos dos alugueis, a partir de 2011.
Ele disse que foi ao hospital tratar de “alguns assuntos”, mas negou que na ocasião tenha colhido as assinaturas de todos os recibos.
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