12 de setembro de 2024
Brasil

Procuradores costuraram a lei para pedir dados ao atual chefe do Coaf, aponta novos vazamentos

Dallagnol usou "laranjas" para pressionar o STF, diz Intercept.
Dallagnol usou "laranjas" para pressionar o STF, diz Intercept.

Mais um capítulo da série de reportagens envolvendo os vazamentos de conversas entre o então juiz Sérgio Moro e procuradores da Força-Tarefa da Operação Lava-Jato teve continuidade neste domingo (18/08) com a publicação de uma nova matéria no jornal Folha de São Paulo, em parceria com o site The Intercept. As informações fazem parte da série #VazaJato.

A publicação mostra que os procuradores passaram a atuar em conjunto com o auditor fiscal, Roberto Leonel que atuava até então à frente da área de inteligência da Receita em Curitiba. Ficou por lá até 2018 e assumiu a presidência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) a partir do início da gestão do governo Bolsonaro.

Na matéria publicada hoje as conversas tem origem lá em 2015, quando os procuradores passaram a suspeitar de negócios nebulosos do então sobrinho do ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva pudesse ter com a construtora Odebrecht na Angola. Em agosto daquele ano, notícias surgiram e traziam o nome de Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho de Lula e o procurador Roberson Pozzobon decidiu chamar Leonel para uma possível checagem. “Quero pedir via Leonel para não dar muito na cara, tipo pescador de pesque e pague rsrsrs”, disse numa mensagem a Deltan. 

Recentemente, em julho deste ano, tanto Lula e o sobrinho foram absolvidos da acusação de organização criminosa e lavagem de dinheiro.

Alguns meses depois, em fevereiro de 2016, os procuradores recorreram por diversas vezes a Leonel. Diversas delas, durante as investigações sobre as reformas executadas por empreiteiras no sítio de Atibaia (SP) frequentado por Lula.

Segundo as mensagens, de janeiro a março de 2016, a força-tarefa pediu a Leonel que levantasse informações sobre uma nora de Lula, o caseiro do sítio, o patrimônio dos seus antigos donos e compras que a mulher de Lula, Marisa Letícia, teria feito na época, entre elas árvores e plantas para o sítio em Atibaia. O procurador Januário Paludo questionava: “Dona Marisa comprou árvores e plantas no Ceagesp em dinheiro para o sítio com um cara chamado […] BOX […] ou BOX […]” e emendou uma segunda mensagem um minuto depois: “Pedi para o Leonel ver ser tem nf”. Colega de Paludo na Força-Tarefa, Pozzobon comemorou: “Shoooou”.

Nesta mesma conversa sobra até para o então caseiro do sítio em Atibaia, Elcio Pereira Vieira, conhecido pelo apelido de Maradona. “Vcs checaram o IR de Maradona? Não me surpreenderia se ele fosse funcionário fantasma de algum órgão público”, perguntou Deltan. Um procurador diz que vai colocar na lista de pendências. “Pede pro Roberto Leonel dar uma olhada informal”, requereu Dellagnol.

O então juiz Sérgio Moro autorizou a quebra do sigilo fiscal do caseiro uma semana depois. Não há nenhuma informação do Fisco sobre ele nem sinal de que a hipótese de Deltan tenha sido checada.

Neste domingo, o procurador Deltan Dallagnol foi ao Twitter se defender. Disse que às informações recebidas por meio da Receita Federal sempre tiveram o “amparo da lei” e que a função do então auditor Roberto Leonel era justamente apoiar e fazer “pesquisa e investigação”.

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<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”pt” dir=”ltr”>Mais acusações falsas contra a Lava Jato. A Receita passou informações para o MP na Lava Jato em 3 situações, sempre com amparo na lei:</p>&mdash; Deltan Dallagnol (@deltanmd) <a href=”https://twitter.com/deltanmd/status/1163100288082948096?ref_src=twsrc%5Etfw”>August 18, 2019</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
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