20 de dezembro de 2024
Brasil

Procurador da Lava Jato defende fim do sigilo de delações da Odebrecht

Membro da força-tarefa da Lava Jato, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima rebateu nesta quinta-feira (8) as críticas do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes e afirmou serem raras “alongadas prisões” na operação.

Questionado sobre a possibilidade de o STF julgar pedido de liberdade do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o procurador afirmou ainda acreditar que as prisões determinadas pela operação sejam mantidas pelo tribunal.

“Prisões alongadas na Lava Jato são raras, porque o juiz Sergio Moro é muito eficiente, nós temos tido muitas condenações”, afirmou. “O problema carcerário certamente não decorre do número de corruptos presos, porque nós não temos tantos corruptos presos quanto deveríamos. As prisões são necessárias e nós acreditamos que o STF irá mantê-las.”

Lima se manifestou favoravelmente ao levantamento do sigilo das delações premiadas de executivos da Odebrecht, homologadas no final de janeiro. Segundo ele, apesar de possíveis prejuízos à investigação, o levantamento do sigilo preveniria vazamentos e acusações contra o Ministério Público.

“Nós do Ministério Público somos diversas vezes acusados de vazamento, de forma injusta”, disse, em evento da Câmara Americana de Comércio, em São Paulo. “Então dessa forma talvez seja melhor levantar o sigilo.”

O procurador criticou também aprovação, na Câmara, de regime de urgência para a tramitação de lei que restringe poder do TSE, afirmando se tratar de uma tentativa do Legislativo de “manter o status quo” da corrupção através de leis.

NACIONALIZAÇÃO

Para Lima, a Lava Jato criou “método de investigação” que deve se espalhar pelo país. De acordo com ele, há pouco ainda a ser descoberto a respeito do esquema de corrupção na Petrobras, mas as operações devem se estender para outras estatais e Estados brasileiros.

O procurador, que integra a força-tarefa de Curitiba, afirmou também que a possibilidade de novos acordos de colaboração premiada, como, por exemplo, com Cunha, é rara. “Qualquer um que não tenha vindo no início perdeu a chance de melhores condições, porque agora já se sabe quase tudo”, afirmou.


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