05 de dezembro de 2025
INFRAÇÕES VERIFICADAS • atualizado em 26/08/2025 às 10:51

Procon Goiás autua Unimed Goiânia por recusar terapias a pacientes com Transtorno do Espectro Autista

Plano de saúde é acusado de reduzir atendimentos e descumprir cobertura obrigatória prevista pela ANS para pacientes com TEA
Procon estadual autuou Unimed Goiânia após reclamações e fiscalização - Foto: divulgação / Procon Goiás
Procon estadual autuou Unimed Goiânia após reclamações e fiscalização - Foto: divulgação / Procon Goiás

O Procon Goiás autuou a Unimed Goiânia por recusar terapias e consultas para pacientes com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), além de reduzir terapias para o tratamento e demorar para prestar o atendimento previsto no contrato com o plano de saúde. A autuação ocorreu na segunda-feira (25) após análises de documentos em resposta a notificações expedidas pela fiscalização do órgão entre os meses de abril e maio deste ano.

O órgão recebeu cerca de 20 denúncias sobre redução de tempo e quantidade de terapias. Alguns relatos são de que a Unimed Goiânia estava exigindo uma reavaliação, feita por junta médica do plano, das terapias prescritas por médicos dos pacientes com TEA.

Junta emitia pareceres padronizados a diferentes pacientes

Após análise dos documentos encaminhados pelo plano de saúde, a fiscalização do Procon Goiás considerou que a junta emitia pareceres padronizados sem análise individualizada, desconsiderando o histórico clínico individual de cada paciente.

Em um dos relatos, uma mãe afirmou que a junta médica havia reduzido drasticamente as horas terapêuticas de seu filho. Nos documentos apresentados, enquanto o médico indicou 20 horas semanais de fonoaudiologia, a junta sugeriu apenas 4 horas.

O mesmo ocorreu com sessões com psicólogo. Enquanto o médico indicou 20 horas semanais, a junta da Unimed Goiânia reduziu para menos da metade e indicou somente 8 horas. Além disso, a diminuição nas horas ocorreu ainda nas recomendações para sessões de psicopedagogia, terapia ocupacional e fisioterapia neurológica.

Série de infrações previstas pela ANS

O superintendente do Procon Goiás, Marco Palmerston explica que o plano de saúde está cometendo uma série de infrações, como a limitação das sessões terapêuticas e o descumprimento da obrigatoriedade de cobertura dos tratamentos prescritos pela equipe médica.

“Existem resoluções da ANS que estabelecem que os planos de saúde não podem limitar sessões terapêuticas para pacientes com Transtorno Espectro Autista e também obrigam a cobertura dos tratamentos prescritos pelo médico assistente”, explica.

Risco grave de regressão

Marco Palmerston chama a atenção de que o não cumprimento do tratamento conforme indicação médica pode significar regressão de pacientes com TEA. “Há o perigo de crianças que já se comunicavam pararem de falar, pacientes que já conseguiam ter um controle se desorganizarem psicologicamente. Com isso, eles perdem autonomia e qualidade de vida, podendo deixar de executar tarefas básicas”, alerta o superintendente do Procon Goiás.

Mais infrações

A notificação encaminhada para a Unimed Goiânia no início de 2025 também solicitou informações sobre o descredenciamento, por parte do plano de saúde, de clínicas que ofereciam tratamentos específicos para pacientes TEA, como ABA, Psicopedagogia e Fonoaudiologia especializada, entre outros. Este ano, quase 50 denúncias chegaram ao órgão relatando sobre os prejuízos que esse descredenciamento causaria.

Em resposta ao Procon Goiás, o plano de saúde informou que outras unidades de saúde substituiriam o tratamento dos pacientes, porém não comprovou se tais clínicas ofereciam o tratamento adequado ou se as clínicas substitutas conseguiriam absorver de forma adequada, em qualidade e quantidade, a demanda dos pacientes TEA.

“Boa parte dessas crianças estava em tratamento nessas clínicas há muitos anos, criam vínculo com os terapeutas, fazem todas as sessões necessárias em um só lugar. O descredenciamento das clínicas sem que o sistema consiga continuar prestando o mesmo padrão de atendimento aos pacientes é uma infração ao Código de Defesa do Consumidor”, explica Marco Palmerston, superintendente do Procon Goiás.

Pela falha na qualidade do atendimento, má prestação de serviço, por falta de informações claras, além de prevalecer da vulnerabilidade do consumidor, entre outras infrações ao CDC, o Procon Goiás autuou a Unimed Goiânia. A empresa tem 20 dias para apresentar defesa.

Procurada, a Unimed não comentou especificamente as alegações do Procon e destacou que mantém diálogo com os órgãos competentes e que segue empenhada em ampliar e qualificar a rede de atendimento destinada a pacientes com TEA. Confira a íntegra da nota.

NOTA UNIMED GOIÂNIA

“A Unimed Goiânia – Cooperativa de Trabalho Médico confirma que foi notificada sobre a autuação mencionada pelo Procon Goiás A cooperativa esclarece que tem como prioridade garantir a assistência a todos os seus beneficiários no estrito cumprimento da legislação vigente.

A Unimed Goiânia mantém diálogo permanente com os órgãos competentes e reforça que segue empenhada em ampliar e qualificar a rede de atendimento destinada a pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), alinhada às normativas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).”


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