Em palestra a juízes e servidores da Justiça do Paraná, o juiz federal Sergio Moro voltou a afirmar nesta quinta (20) que há um quadro de “corrupção sistêmica” no Brasil, e defendeu, nesses casos, a “aplicação vigorosa da lei”.
“Nossos processos não podem ser um faz de conta”, afirmou.
No dia seguinte à prisão do ex-deputado Eduardo Cunha, ordenada pelo magistrado, Moro voltou a defender as prisões preventivas da Lava Jato.
O juiz afirmou que elas são necessárias especialmente em casos de prática “serial, profissional e reiterada” de crimes contra a administração pública -exatamente as expressões utilizadas para justificar a prisão de Cunha, nesta quarta.
“Quando a regra do jogo é a corrupção, não admitir o risco de reiteração criminosa me parece incorreto”, afirmou.
O magistrado ainda disse que o Brasil está “numa encruzilhada” no combate à corrupção, e urgiu os juízes presentes a terem consciência de seu papel neste momento.
“Que tenhamos sensibilidade para as necessidades do contexto. E isso significa, a meu ver, uma aplicação rigorosa da lei em relação à corrupção sistêmica.”
Moro ainda criticou o “generoso sistema de recursos” do sistema judicial brasileiro, que fez com que “muitos casos relevantes se transformassem em pó”. Por isso, pediu uma atuação mais vigorosa dos juízes.
“Ninguém está propondo uma espécie de solução autoritária. Claro que tudo deve ser dentro do devido processo e respeitando os direitos fundamentais do acusado”, afirmou. “Mas é preciso ter vontade para que os processos cheguem a um bom termo, porque a Justiça, às vezes, é um labirinto.”
Moro fez a palestra gratuitamente, a convite do presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Paulo Roberto Vasconcelos.
O desembargador elogiou Moro e disse que os servidores do tribunal estão “emocionados com suas atitudes” nos últimos anos.
(Folhapress)
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