A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, pediu nesta terça-feira (18) a antecipação das eleições para 8 de junho, quase dois anos antes do que estava previsto.
Com o novo pleito, May diz buscar fortalecer sua base de apoio no Parlamento para negociar as condições da saída britânica da União Europeia (UE), o “brexit”.
“A única maneira de garantir alguma estabilidade pelos próximos anos é organizar esta eleição”, declarou a primeira-ministra em frente à residência oficial em Downing Street, em Londres.
O anúncio surpreendeu, pois May vinha rejeitando nas últimas semanas as pressões de aliados do Partido Conservador para convocar um pleito adiantado. Pesquisas mostram que a legenda é popular, com vantagem de até 20 pontos percentuais sobre os demais partidos.
Correligionários de May temiam que um eventual desgaste do governo durante o processo de desvinculação da UE levasse a um desempenho fraco nas eleições caso elas fossem realizadas em maio de 2020, conforme o calendário original. A lei britânica determina que eleições sejam realizadas a cada cinco anos.
Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista, principal sigla de oposição, saudou a decisão da primeira-ministra, dizendo que as eleições “darão ao povo britânico a oportunidade de votar por um governo que dê prioridade aos interesses da maioria”.
Entretanto, alguns parlamentares trabalhistas expressaram preocupação, temendo ser esmagados na eleição.
Os separatistas do SNP (Partido Nacional Escocês), que são a terceira maior força do Parlamento, criticaram May, mas não devem se opor às novas eleições. “Os conservadores veem a oportunidade de impor um ‘brexit duro’ e cortes sociais”, disse Nicola Sturgeon, chefe do governo regional escocês.
Com o aval de opositores, o governo espera obter o apoio necessário no Parlamento (dois terços dos votos) para adiantar a eleição. A votação na Câmara Baixa acontecerá nesta quarta (19).
Caso a eleição seja confirmada, o Parlamento será dissolvido no dia 3 de maio.
Segundo uma fonte do governo, May não pretende participar dos debates televisivos antes do pleito, o que gerou críticas de opositores.
“BREXIT”
A eleição adiantada é uma oportunidade para May, 60, reafirmar sua liderança por meio das urnas.
A ex-ministra do Interior chegou ao poder em julho de 2016, após votação interna do Partido Conservador. Ela substituiu David Cameron, que renunciou ao cargo de primeiro-ministro após ser derrotado no plebiscito que aprovou a saída da UE.
Para justificar a convocação de eleições antecipadas, May disse que ter uma base sólida no Parlamento é importante para negociar a saída da UE com condições mais favoráveis ao Reino Unido.
Atualmente, o Partido Conservador tem uma maioria estreita (330 das 650 cadeiras na Câmara Baixa) e há discordâncias na sigla sobre a condução do “brexit”. Isso faz com que o governo precise apresentar concessões a minorias dissidentes para implementar sua agenda.
“Nossos opositores acreditam que, como a maioria do governo é pequena, nossa determinação será enfraquecida e eles podem nos forçar a mudar de direção. Eles estão errados”, afirmou May.
Enquanto a saída da UE, deflagrada oficialmente por May em 29 de março, é vista como um caminho sem volta, as negociações a serem realizadas nos próximos dois anos serão cruciais para definir o futuro do Reino Unido.
May já declarou que pretende realizar um “brexit duro”, com o país saindo do mercado único europeu e encerrando a livre circulação de pessoas. Por sua vez, opositores querem preservar alguns laços com a UE.
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