19 de dezembro de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 00:37

Presídio palco de matança em Roraima tem esgoto e valas a céu aberto

Esgotos e valas a céu aberto. Celas sujas, sem higiene, sem ventilação. Celas com infiltrações nas paredes, instalações elétricas e hidráulicas deficientes. Presos doentes, sem tratamento médico, sendo cuidados por outros detentos.

Esse é o cenário encontrado por membros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Roraima na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, onde 33 pessoas foram mortas nesta sexta-feira (6). A unidade fica a cerca de 10 km do centro de Boa Vista.

A matança em Roraima é uma retaliação ao massacre ocorrido quatro dias atrás em um presídio de Manaus. No episódio, detentos pertencentes à facção criminosa FDN (Família do Norte) mataram 60 presos -a maioria deles do PCC (Primeiro Comando do Capital).

A chacina de Roraima é a segunda maior em número de vítimas em presídios do país desde o massacre do Carandiru, em 1992, em São Paulo, quando uma ação policial deixou 111 presos mortos na casa de detenção.

Relatório do órgão, publicado em maio do ano passado, apontou que o presídio tinha estrutura precária e superlotação. Além disso, dos 1.300 pessoas no local, 939 cumpriam prisões preventivas e 180 não haviam sido sequer ouvidos na Justiça.

Na apresentação do relatório, Hélio Abozaglo, presidente da comissão de direitos humanos, afirmou que Roraima precisa urgentemente de um presídio novo.

“A construção urgente de um presidio de porte médio com capacidade para 500 internos também ajudaria na resolução da superlotação do local”, disse.

Em visita ao presídio, a OAB também constatou que presos que haviam cometido crimes graves, como homicídios, ficavam nas mesmas celas de detentos com infrações mais leves.

Em outubro do ano passado, houve uma rebelião no presídio também causado por brigas entre facções criminosas.

A situação precária da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo já havia sido constatada em relatório do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2010.

Na época, o órgão já apontada “um quadro de celas superlotadas, sujas, fétidas, escuras e úmidas. O esgoto está a céu aberto e alguns pavilhões correm riscos de desabar”.

O relatório prosseguia: “Alguns presos foram abandonados à própria sorte, já que estavam doentes e sem assistência médica e material, pois, atualmente, somente existe um único médico que presta serviço a penas três vezes por semana.”

Folhapress

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