Em entrevista ao Diário de Goiás nesta terça-feira (31), o presidente do Sindicato de Servidores Públicos de Goiânia (SindiGoiânia), Ronaldo Gonzaga, criticou a proposta da nova gestão municipal de terceirizar os serviços do IMAS (Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (IMAS) para um plano de saúde privado, como a Unimed. A proposta, que inclui uma possível licitação, está sendo discutida sem o devido diálogo com os sindicatos, o que, segundo Gonzaga, coloca o início da gestão do prefeito Sando Mabel “com o pé esquerdo”.
De acordo com o presidente do sindicato, Mabel parece estar bem intencionado, mas a falta de uma discussão prévia com as entidades representativas dos servidores é um erro, especialmente considerando as condições financeiras da maioria dos servidores, que somam cerca de 33.785 segurados servidores. “Hoje, temos servidores que ganham um salário mínimo. Como esses trabalhadores poderão pagar por um plano de saúde da Unimed?”, questionou Gonzaga.
Esse é um ponto crucial que precisa ser analisado com cuidado. Acredito que o primeiro passo do prefeito Sando deveria ser convocar não apenas o Sindicato de Goiânia, mas todos os sindicatos envolvidos, para discutirmos juntos a melhor alternativa.
Gonzaga, que já foi responsável por implementar um centro médico para os servidores, com 14 especialidades atendendo gratuitamente, enfatizou a sobrecarga enfrentada pelas unidades de saúde do sindicato. “Tenho uma agenda lotada. Muitos servidores estão recorrendo ao meu centro médico porque o IMAS não está atendendo adequadamente”, revelou.
Impasse dos dependentes
Gonzaga também compartilhou uma visão crítica sobre a situação atual do IMAS, destacando a queda de qualidade do plano de saúde municipal ao longo dos anos. Segundo ele, “o Imas teve uma época no passado que ele era melhor que o Ipasgo”, ele acredita que essa mudança para pior se deve a diversos fatores, e um deles é a gestão desorganizada do plano, que não tem sido capaz de se adaptar às necessidades dos servidores.
Ele também observa que o crescimento descontrolado de beneficiários tem exacerbado o problema. Gonzaga sugere que esse aumento desordenado de beneficiários, sem um critério claro de elegibilidade, tem sobrecarregado o plano e dificultado o atendimento. Ele também aponta a falta de regras definidas sobre quem deve ser incluído no plano, o que torna a situação ainda mais complexa.
Tinha que se criar uma regra. A maioria dos servidores que falam comigo, eles afirmam que não se importam de pagar um pouco a mais, desde que quando for precisar do plano de saúde, ele funcione.
A perspectiva de Gonzaga é clara: “O problema é que o servidor paga o Imas, e ele não funciona, não tem um atendimento. E vira o caos que virou.” O líder sindical acredita que o IMAS precisa passar por uma auditoria rigorosa e por uma reestruturação urgente, para que volte a ser um plano de saúde que realmente atenda aos servidores públicos da cidade.
Crise no Imas
Gonzaga ressalta que, se o objetivo é melhorar a qualidade do atendimento à saúde dos servidores, é essencial discutir alternativas viáveis, levando em consideração a realidade de cada servidor público. O sindicalista também destacou que o IMAS, atualmente, encontra-se em situação precária. Muitos servidores enfrentam dificuldades para acessar os serviços oferecidos pelo plano, com exames e internações se tornando cada vez mais escassos.
Hoje, o IMAS está um caos. Nenhum sindicato foi procurado para discutir o processo de nomeação do novo gestor, e o que se vê é a falta de condições básicas de atendimento.
Vale destacar que o ex-vereador Paulo Henrique da Farmácia (SD), que assumirá a direção do IMAS reconhece a crise e compartilhou em entrevista ao Diário de Goiás, suas primeiras impressões sobre a atual crise do órgão e os desafios que pretende enfrentar. “O IMAS hoje está em um plano de saúde que não é eficaz, infelizmente. O servidor que precisa de atendimento médico, vai ao médico e não consegue, vai fazer exames e não consegue”.
“Hoje, encontramos o Instituto com um grande déficit e várias dificuldades, mas sabemos que a gestão proposta pelo Mabel em Goiânia se baseia no trabalho constante e dedicado. Nosso compromisso é trabalhar incansavelmente para que possamos oferecer um atendimento de qualidade a todos os servidores públicos”, garantiu Paulo.
Expectativas para o futuro
Em relação à nova gestão do IMAS, com a nomeação de Paulo Henrique da Farmácia para a presidência, Gonzaga se mostrou cauteloso, mas esperançoso de que ele, como servidor, se dedique ao melhoramento do plano. No entanto, ele acredita que uma auditoria no IMAS e uma reavaliação das regras para adesão são essenciais para garantir a qualidade dos serviços oferecidos.
Por fim, Gonzaga ressaltou a importância de um diálogo aberto entre a gestão municipal e os sindicatos para encontrar soluções reais e viáveis para os problemas do IMAS, sem ignorar a capacidade financeira dos servidores. “É preciso uma conversa séria e estratégica para resolver a situação e garantir que o plano de saúde do servidor público funcione”, concluiu.
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