11 de dezembro de 2025
CRIMES SEXUAIS

Presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde é preso suspeito de estupro e abusos dentro da presidência

Olávio Teles Fonseca, preso pela Polícia Civil, é acusado de abusar sexualmente de funcionárias e uma adolescente em sua sala na sede do sindicato
Olávio Teles Fonseca foi levado para a CPP de Rio Verde onde aguarda audiência de custódia - Foto: reprodução de vídeo / Tv Anhanguera
Olávio Teles Fonseca foi levado para a CPP de Rio Verde onde aguarda audiência de custódia - Foto: reprodução de vídeo / Tv Anhanguera

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde, Olávio Teles Fonseca, foi preso nesta quinta-feira (13) suspeito de abusos sexuais e estupro, inclusive de uma adolescente, dentro das dependências do sindicato. Olávio foi conduzido para a Casa de Prisão Provisória de Rio Verde, onde deve aguardar pela audiência de custódia.

Em nota ao Diário de Goiás, o sindicato informou que o presidente pediu afastamento do cargo nesta quinta (leia ao final).

A investigação iniciou há cerca de três meses, após denúncia anônima à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) da Polícia Civil de Rio Verde. Conforme a delegada titular, Fernanda Simão, os abusos ocorriam durante o horário de expediente das vítimas, principalmente dentro da sala do presidente, trancada automaticamente.

Três vítimas identificadas, por enquanto

“Iniciamos diligências e conseguimos identificar três vítimas. As vítimas relatavam que os crimes aconteciam durante o expediente de trabalho dentro da sala dele. Ele a convocava para dentro da sala. Os atos iniciavam, primeiro, com uma insinuação. Depois, partiam para atos libidinosos e até a conjunção carnal”, detalhou ela em entrevista à Tv Anhanguera.

Após os abusos, segundo a delegada, como forma de evitar a denúncia, Olávio ameaçava as funcionárias abusadas de forma velada.  “Ele falava que, se os fatos fossem a conhecimento público, elas não iam conseguir emprego em nenhum lugar, que ele era uma pessoa muito influente. [Agia] sempre no sentido de manchar a reputação delas, tanto pessoal quanto profissional”, informou ainda. 

Conforme a delegada, uma das vítimas relatou que os crimes aconteciam contra ela há cerca de um ano, na sala da presidência. “A sala era um ambiente totalmente controlado por ele, com uma tranca automática, que só ele  [abria] ou a autorização dele para a secretária poderia abrir”. 

De acordo com a delegada, as investigações da Deam apontam a prática dos crime de estupro, abuso sexual, violência psicológica e coação no curso do   processo. Algumas das vítimas também apresentaram laudos de afastamento por adoecimento mental, “possivelmente ligado a esse trauma”. As vítimas tiveram acompanhamento psicológico da delegacia, frisou ela.

Havia um “padrão criminoso”, diz delegada

Fernanda Simão informou também que o produtor rural mantinha condutas reiteradas nos abusos: “Havia praticamente um padrão criminoso ali”.

A delegada espera que a prisão de Olávio Teles Fonseca seja mantida após a audiência de custódia porque, segundo ela, o presidente do sindicato vinha intimidando as vítimas e é muito influente em Rio Verde.

“Foi feito o pedido de prisão provisória a fim de resguardar a garantia da ordem pública e também a conveniência da instrução criminal. Justamente porque algumas testemunhas e outras possíveis vítimas estariam intimidadas em dar o depoimento, em falar abertamente sobre esses fatos. Justamente em razão dessa influência que ele mantinha, não só lá no sindicato, mas ao nível da cidade mesmo. Ele é um senhor que tem muita representatividade”, acrescentou a delegada.

Ela acredita na existência de outras vítimas e se colocou à disposição para ouvir essas mulheres.

A assessoria de Imprensa do Sindicato dos Produtores Rurais de Rio Verde enviou nota em que não responde se o assunto era de conhecimento de outros diretores da representação sindical e se havia medidas internas a respeito.

A nota destaca que o sindicato confia na Justiça e está à disposição: “A entidade aguarda que os fatos sejam esclarecidos com a devida imparcialidade e dentro do devido processo legal”. Informa ainda que Olávio Teles Fonseca voluntariamente pediu afastamento da presidência “permanecendo afastado pelo período que se fizer necessário para o regular andamento das investigações”.

A reportagem não conseguiu localizar o contato da defesa de Olávio Teles Fonseca para a versão dele. O espaço permanece aberto.

Leia a íntegra da nota abaixo!

Nota

“O Sindicato Rural de Rio Verde acompanha os acontecimentos recentes e manifesta confiança no trabalho da Justiça e das autoridades responsáveis.

Informamos que o Sr. Olávio Teles Fonseca, solicitou, de forma voluntária, o afastamento de suas funções na data de hoje, permanecendo afastado pelo período que se fizer necessário para o regular andamento das investigações.

A entidade aguarda que os fatos sejam esclarecidos com a devida imparcialidade e dentro do devido processo legal.

No mais, o Sindicato segue trabalhando e à disposição para eventuais esclarecimentos institucionais que se fizerem necessários.”

Rio Verde, 13 de novembro de 2025


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