No próximo fim de semana, o PMDB inicia uma agenda de encontros regionais. A atividade será iniciada na região norte de Goiás. O presidente estadual do partido, Daniel Vilela, afirma que o momento não é de estabelecer ações conjuntas com outras legendas, incluindo o DEM. Para ele, primeiro é necessário fazer um fortalecimento interno.
Daniel Vilela argumentou que faltando pouco menos de dois anos para as eleições ao governo do estado, é preciso corrigir falhas adotadas em outros pleitos como, falta de uma ampla aliança e ainda em regiões estratégicas de Goiás, como Anápolis, Itumbiara e Entorno do Distrito Federal, onde o partido tem sofrido grandes derrotas.
Sobre nomes de candidaturas do partido, entre eles o do ex-prefeito de Aparecida, Maguito Vilela e dele próprio, Daniel Vilela, preferiu dizer que não é o momento de se discutir o assunto, que para ele neste momento o válido é construir projetos. Ele entende que será uma eleição diferente e argumenta que o projeto do atual governo, já está esgotado, sendo boa oportunidade para a oposição.
Confira abaixo entrevista completa concedida pelo presidente estadual do PMDB ao Diário de Goiás:
Samuel Straioto: Me parece que já neste final de semana se inicia uma série de atividades do PMDB no norte do estado?
Daniel Vilela: Isso mesmo. Já na sexta-feira nós estaremos fazendo nosso primeiro encontro regional em Porangatu. No sábado pela manhã em São Luís do Norte aonde estaremos reunindo os nossos companheiros para um debate interno, de fortalecimento do partido, de ouvir e ter um feedback por parte dos líderes do nosso estado em relação ao futuro do partido e iniciar uma construção de um projeto para 2018.
Samuel Straioto: É o início de uma série de encontros regionais?
Daniel Vilela: É o início. Faremos encontros até concluir todas as cidades do estado de Goiás.
Samuel Straioto: Já há um cronograma definido para outras regiões?
Daniel Vilela: Sim, há sim. Na outra semana teremos um carnaval, que há uma limitação de realização de atividades políticas. Esperamos que em 2 a três a gente possa concluir os trabalhos na nossa base.
Samuel Straioto: O PMDB tem forte capilaridade no interior do estado, mas faltou fôlego na hora decisiva. Tipos de encontros como os que serão realizados ajudam de alguma forma o partido a ficar forte nas eleições de 2018?
Daniel Vilela: Sem dúvida, até porque nas últimas eleições estaduais fizemos tudo em cima da hora. Não tivemos um planejamento, uma organização, que nós agora estamos agora iniciando para que a gente chegue em 2018 preparados com um planejamento adequado, com um projeto a ser apresentado a população goiana. Por isso que estamos iniciando com antecedência, mas fazendo aquilo que a gente entende que é pertinente no momento, e um debate interno, depois vamos avançar para um debate externo, um debate de conversas sobre alianças, acho que cada partido agora precisa se fortalecer, promover o fortalecimento interno para depois buscar em outro momento um debate de alianças e aí por fim fazer um debate com a sociedade.
Samuel Straioto: O que o senhor quer dizer com debate interno fortalecido?
Daniel Vilela: Acho que a cúpula do partido não pode ficar aqui em Goiânia tomando as decisões sem ter um feedback da base, dos líderes do interior, saber o que eles querem, o que eles imaginam que é o melhor para o partido, em relação a construção de um projeto, em relação ao perfil das candidaturas para deputado estadual, federal, senador, governador, tudo isso é preciso que as decisões sejam tomadas de forma democrática, de forma coletiva.
Samuel Straioto: Os resultados das eleições municipais colaboram de alguma forma para o planejamento das eleições de 2018?
Daniel Vilela: Sem dúvida nenhuma. Elegemos mais de 40 prefeitos, 44 prefeitos em cidades importantes, emblemáticas, se pegar o número de habitantes hoje administrados pelo PMDB em Goiás, é mais do que o dobro do PSDB, por exemplo, partido de oposição a nós, do governador. Então, foi muito importante, foi um fortalecimento significativo que ocorreu com o PMDB.
Samuel Straioto: Em relação a ampliação de alianças. Várias lideranças já manifestaram que o PMDB terá candidato próprio em 2018. Esse tipo de declaração não restringe a possibilidade de alianças?
Daniel Vilela: As últimas eleições acabou ficando claro que as nossas alianças não foram suficientes para a vitória, então é preciso mais do que nunca ampliar. Se queremos ganhar as eleições, nós precisamos ampliar. Temos conversado com vários partidos, inclusive da base do governo, que já dão demonstração de que devem deixar a base do governo, que querem construir um novo projeto para Goiás, um projeto novo para o futuro. Que já admitem um esgotamento político deste modelo administrativo liderado pelo governador Marconi Perillo, que já admite displicência do próprio governo, do próprio governador que não para em Goiás, fica terceirizando a própria gestão ao vice-governador, aos secretários, então é chegado um momento de mudança para Goiás e por isso estamos tentando construir um projeto alternativo que olhe pra frente, que não olhe para trás, acho que essa política de olhar para trás não é a que a população espera, ela quer alguém que gere expectativa para frente, um projeto que gere esperança e solução para os problemas.
Samuel Straioto: Sem Iris e Marconi nas próximas eleições, diferente das últimas. Como será o comportamento dos partidos na avaliação do senhor? Vai atrapalhar ou ajudar na realização de alianças?
Daniel Vilela: Eu acho que é um novo momento, é uma oportunidade de existir uma reaglutinação partidária, diferente da atual, a partir de 2018. Não digo nem pela ausência desses líderes na disputa, mas por uma questão de esgotamento de um mesmo grupo político há 20 anos, em Goiás.
Samuel Straioto: Quanto à questão que tem sido bastante discutida relativa ao Democratas, a possibilidade de ação conjunta. Vai ocorrer? Não vai ocorrer? O senhor como presidente do PMDB tem trabalhado nesta questão com o DEM?
Daniel Vilela: Bom o DEM é nosso aliado em 2014, foi nosso aliado em 2016, elegeu se não me engano 10 prefeitos, um recentemente deixou o partido, se filiou ao PSDB. Eu acho que o momento é do próprio DEM se fortalecer, de repente, amanhã o DEM vai pode perder outros prefeitos, pode ser enfraquecer mais, nós precisamos cada um ter consciência que precisamos estar fortes. Individualmente os partidos precisam se fortalecer, precisam constituir partidos que possa atrair interesse de estar juntos, porque se de repente o partido começa a se enfraquecer, o próprio PMDB, o DEM, ou outro, fragiliza as discussões de alianças na construção de um projeto maior, então nós do PMDB vamos fazer um dever de casa, vamos promover nossas reuniões internas, com os nossos filiados, em busca de um fortalecimento do nosso partido, e acho que o DEM precisa fazer a mesma coisa. O DEM constituir diretórios, trazer novos líderes, quem sabe até trazer prefeitos eleitos para o partido para se fortalecer também.
Samuel Straioto: É o momento então de ações isoladas dos partidos para depois fazerem ações conjuntas?
Daniel Vilela: O momento de promover ações conjuntas é mais à frente. Nós estamos a quase dois anos das eleições, é preciso fazer um trabalho na nossa visão interno primeiro para depois sim dar este segundo passo.
Samuel Straioto: Qual o peso de Goiânia nas eleições de 2018?
Daniel Vilela: Goiânia tem um peso importante por ser a capital, por ter um número significativo de eleitores no estado. Temos a confiança de que o prefeito Iris fará uma grande administração, já estará com a casa em ordem, promovendo serviços com qualidade. Agora também estamos trabalhando em outras regiões onde o PMDB não teve tanto sucesso nas últimas eleições: Em Anápolis, em Itumbiara, no Entorno do Distrito Federal, em todas as regiões estamos preparando o partido para ser homogêneo e ser forte.
Samuel Straioto: Em Anápolis o PMDB já tem uma rejeição histórica, o que fazer?
Daniel Vilela: Sem dúvida, acho que isso precisa ser recuperado. Demonstrar o que o partido já fez, gerando expectativa e esperança do que o partido pode fazer no futuro.
Samuel Straioto: Quem será o candidato do PMDB? O senhor ou seu pai (ex-prefeito de Aparecida, Maguito Vilela)?
Daniel Vilela: Acho que não é o momento de tomar esta decisão. O partido vai avançar num debate interno, num planejamento, na construção de um projeto, e mais à frente o que mais se adequar no perfil desejado pelo partido, pela população, será escolhido pelo PMDB.
Leia mais sobre: Política