O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, divulgou o número de telefone de uma jornalista do The New York Times, que publicou uma reportagem que não o agradou. O texto denunciava um suposto vínculo de pessoas próximas a López Obrador com narcotraficantes. Na sexta-feira (23), o presidente se justificou, dizendo que estava sendo “caluniado”.
O contato da jornalista foi divulgado pelo presidente do México na quinta-feira (22), durante uma coletiva de imprensa, enquanto lia um questionário enviado para ele pelo The New York Times. López Obrador agora está sendo investigado pela entidade encarregada da proteção de dados, além de ter sido criticado tanto pelo jornal quanto por defensores de liberdade de imprensa.
Ele não se desculpou e disse que não pode haver lei como a que proíbe que se divulguem dados de uma pessoa. “O que acontece quando essa jornalista está me caluniando? Ela está vinculando a mim e minha família [com o crime organizado] sem provas”, disse.
Na quinta-feira, o The New York Times disse que o vazamento consiste em uma “tática preocupante e inaceitável em um momento em que as ameaças contra os jornalistas são crescentes”. De acordo com o representante do México do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), Jan-Albert Hootsen, pelo X (antigo Twitter), López Obrador disse que as leis no país não se aplicam a ele.
“[O presidente do México] disse explicitamente hoje que as leis no país não se aplicam a ele, que a violação delas por parte dele é intencional e que não se importa com as consequências para o exercício dos direitos fundamentais”, escreveu.
O porta-voz do Repórter Sem Fronteiras (RSF), Milenio Balbina Flores, classificou o episódio envolvendo o presidente do México como “represália” e considerou que ele deveria se desculpar com a jornalista.
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