03 de outubro de 2024
Esportes

Presidente da Uefa ameaça boicotar a Copa do Mundo se ela for realizada a cada dois anos

Presidente da Fifa Gianni Infantino gostaria apoia mudança da copa do mundo para a cada 2 anos – (Fonte: Wikimedia Commons)
Presidente da Fifa Gianni Infantino gostaria apoia mudança da copa do mundo para a cada 2 anos – (Fonte: Wikimedia Commons)

Mais poderosa das seis confederações continentais de futebol, a Uefa está colocando todo o seu peso contra a ideia aventada pela Fifa de tornar a Copa do Mundo um torneio bienal. Na quinta-feira (9), o presidente da Uefa, o esloveno Aleksander Čeferin, disse que a entidade europeia pode boicotar a Copa caso ela passe a ser realizada a cada dois anos.

A proposta para iniciar um estudo para analisar os efeitos da mudança na frequência da Copa foi colocada em pauta pela federação da Arábia Saudita e aprovada pelo Congresso da Fifa por maioria esmagadora – 166 a 22. No plenário, cada federação nacional possui um voto.

A mudança tem o apoio do presidente da Fifa, Gianni Infantino, e dos continentes com futebol de menor qualidade, como África e Ásia. Se a mudança vier a ser adotada, deverá haver uma edição do torneio mundial em 2028, dois anos depois da Copa de 2026, que será sediada por EUA, Canadá e México.

Atualmente, estão em curso as eliminatórias para a edição de 2022 no Qatar. Nestes dias 7 e 8, o Brasil venceu o Peru por 2 a 0 e, na Europa, Portugal conquistou a liderança isolada do grupo A e a Inglaterra não saiu do empate contra a Polônia. Você pode conferir os jogos das próximas rodadas e saber quem são os favoritos. Para isso confira o passo a passo para garantir o bônus da bet365 e dê seus palpites.

A ameaça de Čeferin

“Podemos decidir não jogar [a Copa do Mundo bienal]. Pelo que eu sei, os sul-americanos estão na mesma página. Então, boa sorte em uma Copa do Mundo como essa. Acho que isso nunca vai acontecer, pois vai contra os princípios básicos do futebol. Jogar a cada verão um torneio de um mês é algo assassino para os jogadores”, afirmou Čeferin ao jornal The Times.

Čeferin disse ainda que a mudança pode até “ser boa financeiramente para a Uefa, mas o problema é que estaríamos matando o futebol. Estaríamos matando os jogadores. Não consigo ver os clubes permitindo a saída dos jogadores e isso nos dividiria completamente”.

O plano de tornar a Copa bienal prevê também que os torneios continentais de seleções, como a Euro e a Copa América, também aconteçam a cada dois anos – assim, a Copa aconteceria em todos os anos pares e os torneios continentais, nos anos ímpares.

O autor da ideia foi o diretor de Desenvolvimento Global da Fifa, Arsène Wenger. Os sauditas serviram apenas como o meio necessário para levar a proposta à pauta do Congresso.

Nos últimos dias, a mudança na periodicidade da Copa ganhou outros oponentes de peso. O inglês Sebastian Coe, presidente da World Athletics, a entidade que governa o atletismo mundial, se mostrou preocupado com o efeito da medida nos esportes olímpicos.

Em entrevista ao jornal The Guardian, ele afirmou: “Não vejo nenhuma boa razão para isso. Pode haver interesses assumidos aqui, mas os esportes de verão estão tentando se proteger, já que já é difícil o suficiente para eles tomar espaço na mídia tradicional ou digital. Uma Copa do Mundo bienal inevitavelmente vai entrar em conflito com os Jogos Olímpicos também”.

No modelo atual da Copa do Mundo, em que ela é disputada, aproximadamente, durante a segunda quinzena de junho e a primeira de julho, os Jogos Olímpicos de Verão seriam iniciados poucas semanas depois do encerramento da Copa caso ela venha a se tornar bienal.

A grande maioria das ligas nacionais europeias também se posicionou contra a mudança, entre elas a Premier League inglesa, a Bundesliga alemã, a LaLiga espanhola, a Ligue 1 francesa e a Serie A italiana. Uma declaração conjunta de 58 organizações de fãs representando federações nacionais de todos os continentes se declarou fortemente contrária à proposta da Copa bienal.

Apesar de todos esses posicionamentos, se a ideia for colocada em votação no Congresso da Fifa, é bem provável que seja aprovada – pois as federações africanas, asiáticas, da Oceania e da América do Norte somam bem mais que a maioria dos votos.


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