Durante o seminário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), realizado em Brasília, na terça-feira (12), o presidente do Conselho Diretor da associação, Edmundo Pinheiro, falou com exclusividade ao Diário de Goiás sobre o modelo de modernização e integração do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia. Na entrevista, ele detalha por que Goiânia é considerada referência nacional, explica a participação do setor público e privado no projeto e comenta a homenagem recebida pelo governador Ronaldo Caiado.
Pinheiro também aborda os desafios enfrentados pelo transporte urbano no país e como a experiência de Goiânia pode servir de modelo para outras cidades brasileiras. Ele detalha os investimentos, a integração entre municípios e o papel estratégico do governo estadual, destacando a importância de políticas públicas estruturadas para garantir eficiência, sustentabilidade e qualidade no serviço prestado à população.
Entrevista completa com Edmundo Pinheiro, presidente do Conselho Diretor da NTU
Altair Tavares: Goiânia teve aqui um destaque especial, o que está sendo investido na região metropolitana com uma parceria entre entes, empresários e também o poder público, no sentido de subsidiar e, ao mesmo tempo, integrar sistemas. Goiânia hoje, o senhor já sabia dessa importância desse projeto, mas aqui ganhou nova responsabilidade de melhorar ainda mais esse sistema?
Edmundo Pinheiro: Sem dúvida. Goiânia tem sido vista por todo o Brasil como uma referência do ponto de vista da solução que está sendo desenvolvida e implantada. Goiânia tem vários aspectos que têm se destacado, no campo institucional, pelo fato de ter uma solução que une e integra 21 cidades em toda a região metropolitana. Isso é um ponto de destaque para a Goiânia.
Outro aspecto importante que você colocou é a verticalização. Enquanto em várias cidades do Brasil as soluções são fragmentadas, em Goiânia todo esse programa está sendo feito de forma vertical. Isso significa que no mesmo projeto se envolve infraestrutura, terminais, abrigos, renovação de frota, transição energética, diversificação entre ônibus elétricos e a biometano, aplicação de ferramentas de tecnologia modernas, integração entre trânsito e transporte. Esse conjunto, chamado de sistemas estruturados pelos técnicos do BNDES, diferencia Goiânia.
Altair Tavares: A presença aqui do prefeito Sandro Mabel e também a homenagem ao governador reforçam que decisão política em centros de transporte é um fator crucial?
Edmundo Pinheiro: O governador Caiado tem sido visto como referência pela coragem e determinação política, assumindo papéis que muitas vezes seriam apenas dos municípios. Isso coloca o governo do Estado em destaque. A homenagem feita a ele foi unânime, por indicação dos 26 estados da federação. Isso demonstra que a política pública está sendo conduzida corretamente e serve de exemplo para todo o Brasil.
O seminário destacou ainda que, apesar das iniciativas do governo federal, como o Programa Refrota e o Pacto da Mobilidade, o país ainda não possui uma política nacional consolidada para a mobilidade urbana, diferentemente de áreas como saneamento e habitação. Goiânia, portanto, surge como modelo de gestão integrada, com participação efetiva do setor privado, do governo municipal e do estadual.
Referência nacional em transporte
O modelo de modernização e integração do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia (RMG) foi destaque durante o Seminário Nacional da Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano (NTU). Empresários, líderes associativos e instituições do setor de mobilidade de todo o país participaram do evento, que reforçou Goiânia como referência nacional em políticas públicas de transporte metropolitano.
O prefeito Sandro Mabel ressaltou que o investimento total programado para o sistema é de R$ 2,1 bilhões, considerado “prioridade política” do governo estadual, em parceria com a prefeitura. Segundo ele, a integração entre entes públicos e iniciativa privada beneficia diretamente o usuário do transporte coletivo.
“Goiânia está dando um ensinamento espetacular para o Brasil. Esse trabalho conjunto entre governo estadual, prefeitura e empresas está beneficiando um único destinatário: o usuário. Se o governo federal entrar também, ele vai ajudar muito”, afirmou Mabel.
De acordo com o Anuário NTU 2024-2025, Goiânia é a segunda capital do país com maior participação estadual no custeio do transporte coletivo por ônibus, ficando atrás apenas de Brasília. A expressiva participação financeira de recursos públicos tem contribuído para manter a tarifa mais estável e acessível, além de reforçar a sustentabilidade do sistema.
O governador Ronaldo Caiado foi homenageado durante o seminário pelo investimento estratégico no transporte metropolitano, considerado um modelo de gestão e cooperação entre municípios, estado e setor privado.
“O transporte da região metropolitana era uma situação intransponível, impossível de ser resolvido. Era muito mais tratado como politicagem em época de campanha, e depois se jogava a culpa nos empresários, enquanto o passageiro era penalizado. Nós mudamos isso”, afirmou Caiado.
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