Adversária da seleção brasileira nesta terça-feira às 21h30, em Salvador, a Venezuela tem enfrentado uma sucessão de problemas econômicos e políticos. As crises que o país vem passando, tem deixado algumas marcas no esporte com jogos de competições como a Sul-Americana sendo cancelados ou remarcados. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o presidente da Federação Venezuelana, Laureano González, teceu alguns comentários sobre a situação política do país. “Realidade difícil”, disse.
Apesar da situação não muito favorável, é bem verdade que o futebol venezuelano se desenvolveu muito ao longo dos anos. Se antes a seleção vinotinto era um “saco de pancadas” dos outros selecionados [incluindo a brasileira] a realidade vem mudando durante os últimos 10 anos. Só para ter uma base, nos últimos sete confrontos entre a seleção venezuelana e canarinho, a Venezuela conseguiu dois empates e ganhou um jogo. Um avanço para um país que não levava menos de três gols em uma partida.
Em 2011, chegaram as semi-finais da Copa América. Naquele ano, o Brasil pararia nas quarta-de-final perdendo na decisão por pênaltis contra o Paraguai. Em tempos recentes, a geração de jovens se mostra cada vez mais promissora. Dois anos atrás, em 2017, no Mundial Sub-20 realizado na Coréia do Sul, os jovens venezuelanos foram batidos apenas na final pelo placar mínimo de 1×0 para a também talentosa seleção inglesa.
Com todo esse contexto, Laureano se mostra otimista com o futuro do futebol venezuelano. Ele acredita que o país participará pela primeira vez de uma Copa do Mundo já em 2022, em solo catari. “Hoje somos uma seleção a mais na América do Sul, que às vezes ganha, às vezes perde. Não somos mais os últimos […] Estamos muito esperançosos”, ressaltou.
E a situação política? Como tem influenciado os jogadores que atuam pela seleção? “É uma realidade política e econômica difícil. Temos um bloqueio por parte dos EUA e seus países satélites que gerou na economia venezuelana al
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guns desajustes. Além dos erros que o governo pode ter cometido. Além disso, outros países com graves problemas de pobreza e marginalidade fazem campanha para atrair venezuelanos. E isso afeta o futebol”, enfatizou.
Laureano ressalta que não lhe cabe como presidente da Federação ditar os rumos da política nacional do país que vive. Apesar dos esforços de outros países, incluindo o Brasil, para uma mudança de regime, González enfatiza que o futebol é a seleção “é de todos” os venezuelanos. Não lhe cabe então sugerir a estabilização ou mudança do regime político. “Isso é um problema político do qual o futebol não faz parte.”
O presidente ressalta o interesse em levar essa neutralidade da seleção também aos convocados. Ele explica que orienta todos os jogadores a não manifestarem suas opiniões políticas nas redes sociais. Apesar de tudo, enfatiza que não persegue o atleta que decide se manifestar o seu lado ideológico. “Nós pedimos aos jogadores para que se mantenham fora da discussão política. Porque esta seleção representa a todos. E uma opinião a favor de A ou B sempre divide. Mas não podemos proibir alguém de ter uma opinião. Não vamos castigar ninguém. Só pedimos que se respeite a opinião dos outros e, para isso, que se mantenham à margem dessa discussão”, fazendo referência a política do país.
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