22 de dezembro de 2024
Catalão • atualizado em 28/04/2024 às 12:19

Presidente catalão não esclarece independência e agrava crise

O presidente catalão, Carles Puigdemont, se esquivou do prazo dado pelo governo espanhol e não respondeu nesta segunda-feira (16) se proclamou ou não a independência no último dia 10. O gesto agrava o atrito político e pode levar à suspensão da autonomia catalã.

Madri esperava uma resposta definitiva até as 10h (6h em Brasília). Puigdemont, em vez disso, pediu um diálogo de dois meses entre catalães, espanhóis e a comunidade internacional para resolver esta crise territorial -a mais grave na Espanha desde o fim da ditadura de Francisco Franco (1939-1975).

O presidente catalão convocou uma reunião com o premiê espanhol, o conservador Mariano Rajoy, “o mais rápido possível”, algo que dificilmente acontecerá.

“Nossa proposta de diálogo é sincera e honesta”, disse, criticando o uso da força policial para impedir o plebiscito separatista de 1° de outubro. Naquela consulta, 90% votaram “sim”, mas apenas 43% do eleitorado participou. Quase 900 foram feridoa em embates com as forças de segurança.

A resposta de Puigdemont não convenceu Madri, que exigia uma negativa clara quanto à proclamação de independência catalã. Isso significa que se torna cada vez mais provável o uso do Artigo 155 da Constituição espanhola, com o qual Rajoy pode suspender temporariamente a autonomia catalã e antecipar as eleições regionais, passando por cima de um governo que tem desobedecido suas ordens.

O próprio pedido feito por Rajoy a Puigdemont de que esclarecesse a situação já faz parte do mecanismo do Artigo 155, que textualmente prevê esse ritual antes do início das medidas mais drásticas. Para suspender a autonomia catalã, o premiê precisa da maioria absoluta do Senado (metade mais um), o que seu Partido Popular já tem.

A Catalunha, uma região espanhol, já tem uma autonomia parcial e conta com seu proprio Parlamento e uma polícia, os Mossos d’Esquadra. Mas tem se fortalecido nos últimos anos o projeto de um Estado independente. Um dos argumentos é econômico: essa região contribui com 20% do PIB espanhol, hoje de US$ 1,2 trilhão. Catalães têm também sua própria língua, o catalão, aparentada ao francês.

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