20 de novembro de 2024
Mundo • atualizado em 13/02/2020 às 01:12

Presença de eleitores diminui em segundo turno na França

Segundo turno das eleições da França. (Foto: Philippe Huguen/AFP)
Segundo turno das eleições da França. (Foto: Philippe Huguen/AFP)

Abertas desde a manhã, as urnas francesas serão fechadas às 20h do horário de Paris (às 15h em Brasília), encerrando uma intensa disputa presidencial acompanhada com apreensão pelo restante da União Europeia.

Os primeiros resultados devem ser divulgados em seguida. A previsão é de que o candidato centrista Emmanuel Macron, 39, seja eleito presidente da França para um mandato de cinco anos.

Uma pesquisa divulgada na sexta-feira pelo instituto Ipsos dá conta de 63% das intenções de voto para ele, contra 37% para a rival ultranacionalista Marine Le Pen.

Macron promete defender uma maior integração dentro do continente europeu, enquanto Le Pen ameaça com deixar o bloco econômico.

Sua possível vitória -caso não haja surpresas nas urnas- será recebida com alívio após o Reino Unido decidir deixar a União Europeia e os EUA elegerem Donald Trump, no ano passado.

A chanceler alemã, Angela Merkel, apoiou Macron publicamente, assim como o ex-presidente americano Barack Obama. Ambos são também entusiastas de uma Europa mais integrada.

Às urnas

A poucas horas do fechamento das urnas, o dia eleitoral havia corrido bem.

Os dois candidatos votaram durante a manhã, ambos no departamento de Pas-de-Calais, no norte da França.

Macron votou em Le Tourquet, cidade litorânea em que vive. Le Pen votou em Hénin-Beaumont, bastião eleitoral da Frente Nacional.

Cerca de 50 mil policiais atuam na segurança da eleição, em um país que foi alvo de ataques terroristas nos últimos anos, incluindo uma série de ações que deixou 130 mortos em Paris em 2015.

A região do Museu do Louvre, onde Macron discursará após os resultados, foi esvaziada brevemente devido a um objeto suspeito.

Comemoração

Em um país amante da polêmica, a escolha do Louvre como local da celebração de Macron foi tema de discussão durante a semana.

A praça da Concórdia, famosa pelo obelisco egípcio localizado no local onde ficava a guilhotina durante a Revolução Francesa, foi considerada “muito de direita”, por ter sido palco das festas da vitória dos conservadores Nicolas Sarkozy, em 2007, e Jacques Chirac, em 1995.

Já a praça da Bastilha, escolhida para a festa do socialista François Hollande em 2012, seria excessivamente ligada à esquerda, assim como a praça da República, que foi palco de atos do candidato de ultraesquerda derrotado Jean-Luc Mélenchon.

O Louvre foi assim escolhido por não ter conotação “nem muito de esquerda nem muito de direita”, disse a equipe de Macron ao “Le Monde”, bem de acordo com o centrismo do candidato.

“A esplanada do Louvre tem a vantagem de ser um lugar completamente novo, consensual e neutro”, afirmou o especialista em comunicação política Christian Delporte ao diário “Figaro”.

Caso surpreenda e vença, Marine Le Pen planeja sua festa no bosque de Vincennes, extremo leste de Paris.

Participação

A taxa de participação às 17h era de 65,30% dos eleitores, uma queda considerável em comparação à registrada no primeiro turno, há duas semanas -no mesmo horário, havia sido de 69,42%.

É esperado que o valor final da participação seja de 75%. O número de eleitores e as regiões de sua procedência podem determinar o resultado das eleições, tendendo a um lado ou ao outro.

É provável que a abstenção seja maior entre eleitores de esquerda, descontentes com a perspectiva de escolher entre Le Pen -conhecida pelo radicalismo de direita- e um candidato que defende reformar as leis trabalhistas, ampliando a jornada e facilitando as demissões.

Estas eleições evidenciaram diversas fissuras na sociedade francesa, ampliadas pela lupa com que foram vistas pelo restante do mundo.

Macron e Le Pen têm, por exemplo, visão distintas da União Europeia: ele a favor e ela contra. Eles também enxergam a migração de maneiras diferentes: ele quer uma sociedade mais multicultural, enquanto ela quer interromper o fluxo e expulsar migrantes condenados e suspeitos de radicalização.

Há também distinções mais estruturais, como a tendência, comprovada por pesquisas, de que o eleitor de Macron tenha uma expectativa mais otimista em relação ao futuro, em comparação com o de Le Pen. Isso se explica, em parte, porque ambos viveram dois processos econômicos diferentes.

A base de Macron é descrita por analistas como a dos “vencedores da globalização”, aqueles que se beneficiaram da integração à economia mundial. Le Pen representa, por outro lado, as periferias e pequenas cidades onde o fechamento de fábricas destruiu empregos. O desemprego na França está hoje em cerca de 10%. (Folhapress)

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