05 de dezembro de 2025
Saúde • atualizado em 07/10/2025 às 08:54

Prefeitura de Goiânia reorganiza rede de saúde na região Leste e transforma CAIS Chácara do Governador em UPA

Secretário Luiz Pellizzer explica que mudança busca adequar estrutura às normas do Ministério da Saúde e ampliar captação de recursos federais
Secretário Luiz Pellizzer explica reorganização da rede de saúde e transformação do CAIS Chácara do Governador em UPA, durante entrevista ao Diário de Goiás. Foto: Divulgação.
Secretário Luiz Pellizzer explica reorganização da rede de saúde e transformação do CAIS Chácara do Governador em UPA, durante entrevista ao Diário de Goiás. Foto: Divulgação.

A Prefeitura de Goiânia deu início a uma ampla reestruturação na rede de saúde da região Leste, com destaque para a transformação do antigo CAIS Chácara do Governador em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A mudança, segundo o secretário municipal de Saúde, Luiz Pellizzer, segue diretrizes do Ministério da Saúde e tem como objetivo melhorar a assistência de urgência e emergência, além de ampliar o financiamento federal para o município.

“O Ministério da Saúde, há mais de dez anos, definiu os perfis de cada tipo de serviço: ambulatorial, emergencial e de emergência. Onde existe emergência, não deve haver ambulatório. E vice-versa”, explicou Pellizzer em entrevista ao editor chefe do Diário de Goiás, Altair Tavares. “Por isso, estamos adequando o CAIS da Chácara do Governador para se tornar UPA e transferindo o atendimento ambulatorial para o CAIS Amendoeiras”.

CAIS Chácara do Governador vira UPA

O CAIS da Chácara do Governador, reformado entre 2020 e 2022, foi projetado para atender exclusivamente casos de emergência. Segundo Pellizzer, manter o perfil ambulatorial impediria a habilitação do espaço como UPA.

“Há cerca de 45 dias, fomos informados de que o Ministério da Saúde faria uma visita técnica para verificar se a unidade estava adequada. Um dos empecilhos era justamente a presença do ambulatório dentro do prédio. Por isso, transferimos todo o atendimento ambulatorial para o CAIS Amendoeiras”, detalhou o secretário.

A medida, reforça ele, segue critérios técnicos e financeiros. “Essas adequações não são populares, mas garantem um serviço completo, com salas de emergência equipadas, laboratório 24 horas e médicos dedicados exclusivamente ao atendimento. O foco é oferecer qualidade e salvar vidas”.

Amendoeiras será 100% ambulatorial

Com a mudança, o CAIS Amendoeiras passa a funcionar exclusivamente como unidade ambulatorial. A decisão também atende recomendações da Vigilância Sanitária. “A única decisão plausível foi transformar o CAIS Amendoeiras em um serviço 100% ambulatorial. Isso resolve pendências e permite, no futuro, pleitear a habilitação da unidade como uma policlínica”, explicou Pellizzer.

O secretário reconhece que parte da população tem reclamado da distância entre as duas unidades, cerca de oito quilômetros, mas reforça que a reorganização é necessária. “Essas adequações visam um plano maior. Hoje, Goiânia capta menos de R$ 1 milhão mensais do governo federal, quando poderíamos estar recebendo cerca de R$ 6 milhões com todas as unidades habilitadas”.

Ajuste de servidores e atendimento

Durante o processo, 13 a 14 servidores foram transferidos para outras unidades da rede. “Estamos respeitando o interesse dos profissionais. Se houver vagas ociosas mais próximas da residência do servidor, vamos ajustar a lotação”, informou o secretário.

Ele também esclareceu que as agendas de consultas foram temporariamente suspensas e devem ser retomadas a partir do dia 15 de outubro. “As equipes estão entrando em contato com os pacientes para reagendar os atendimentos o mais breve possível”.

Expansão da estrutura de emergência

Segundo Pellizzer, a nova UPA da Chácara do Governador terá ampliação da capacidade de atendimento. “Queremos aumentar de três para cinco leitos de sala vermelha, destinados a pacientes críticos. Além disso, haverá mais consultórios e posições para medicação, garantindo maior agilidade no atendimento”.

O secretário também destacou que outras unidades estão passando por adequações para receber o credenciamento federal. “Hoje, apenas as UPAs Itaipu e Noroeste são habilitadas como porte 3. Estamos trabalhando para que o Jardim América e a Chácara do Governador alcancem o mesmo nível”.

Captação de recursos federais

Um dos principais objetivos da reorganização é aumentar a captação de recursos federais. Atualmente, Goiânia recebe cerca de R$ 1,19 milhão por todas as UPAs, valor que poderia ser multiplicado por seis com as habilitações em dia.

“Várias unidades foram transformadas em UPA no nome, mas não no papel. Falta o processo de habilitação, que exige retirada de ambulatórios e adequações estruturais. Isso impede que a prefeitura receba o financiamento correto”, afirmou Pellizzer.

Ele explicou que o processo inclui vistoria técnica do Ministério da Saúde e cumprimento de pré-requisitos. “O Jardim América, por exemplo, ainda precisa corrigir detalhes de construção e retirar serviços de vacinação para obter a habilitação”.

Vacinação e campanhas de saúde

Durante a entrevista, o secretário também abordou a baixa cobertura vacinal em Goiânia. “Mesmo com mais de 60 postos abertos e quatro funcionando todos os dias, ainda enfrentamos resistência da população. Muitas pessoas deixaram de se vacinar porque as doenças que temiam, como sarampo e poliomielite, praticamente desapareceram”, lamentou.

Pellizzer afirmou que a vacinação contra a dengue está disponível apenas para adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária prioritária devido à limitação na produção de doses. “Nosso receio é ampliar demais e faltar segunda dose para alguns grupos. Mas acreditamos que, com o aumento da produção, poderemos estender a imunização”.

Ele também destacou que haverá mutirão de vacinação no próximo dia 18, com postos extras abertos à população. “Conclamamos os goianienses a comparecerem. A vacinação é a forma mais eficaz de prevenir doenças e evitar novos surtos”.

Rede dinâmica e foco na eficiência

Para o secretário, a reorganização da rede faz parte de um processo natural de aprimoramento. “A rede de saúde não é estática. Ela precisa se modificar para atender às normas, às demandas e ao crescimento da cidade”, disse.

Pellizzer reforçou que as mudanças buscam garantir atendimento digno e eficiente, tanto nas emergências quanto nos ambulatórios. “Queremos uma rede em que o paciente encontre solução, e não apenas um encaminhamento. E que as emergências fiquem mais vazias porque o atendimento ambulatorial funcionará como deve”.


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