A Prefeitura de Goiânia identificou que parte dos moradores que ocupam uma Área de Preservação Permanente (APP) no Residencial Real Conquista já possui imóveis registrados em seus nomes em outras regiões da cidade. A informação foi divulgada após nova vistoria realizada nesta quarta-feira (6) pela Secretaria Municipal de Eficiência (Sefic), que também constatou descarte irregular de lixo e dejetos próximos ao Córrego Baliza.
A fiscalização, que contou com apoio da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente (Dema), apontou ainda a presença de construções irregulares com alvenaria na área invadida, que é pública e municipal.
De acordo com o gerente de Controle e Programação Fiscal da Sefic, José Aluísio Júnior, algumas das pessoas que vivem no local possuem mais de um imóvel. “Muitos deles têm dois, três imóveis em Goiânia. Outros são pequenos empresários, donos de borracharias e oficinas, que estão usando o espaço também para descarte irregular de pneus, o que caracteriza outro crime ambiental”, afirmou.

Ligação regular de energia
Outro ponto destacado na fiscalização foi a presença de ligações regulares de energia elétrica em imóveis localizados dentro da área irregular. “Estamos preocupados com o número de padrões oficiais de energia instalados em uma área que não poderia receber esse tipo de serviço”, disse o gerente.
Segundo José Aluísio, a ocupação já é monitorada há mais de um ano e conta atualmente com cerca de 28 pessoas. A situação pode configurar tanto infração administrativa quanto crime ambiental, e foi comunicada à Dema para investigação dos responsáveis.
Relatos de insegurança
A Prefeitura também recebeu denúncias de moradores da região sobre aumento da insegurança e presença de pessoas com histórico criminal na ocupação. De acordo com os relatos, há casos de ameaças entre os próprios ocupantes e suspeitas de tráfico de drogas.
Moradora do bairro há 12 anos, Maria Braga relatou medo e problemas de saúde causados por queimadas frequentes na área invadida. “Meu filho estava doente e pedimos para um deles não colocar fogo, mas ele não se importou. Acho que a retirada é necessária”, afirmou.
Atendimento social
As famílias que ocupam a área já foram atendidas por equipes da Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh), com ações como atualização do Cadastro Único, emissão de documentos e encaminhamentos ao CRAS da região. Durante a ação mais recente, três outdoors instalados de forma irregular também foram retirados da área.
José Aluísio alerta para o risco ambiental da ocupação de APPs, especialmente em áreas próximas a cursos d’água. “Esse tipo de ocupação pode levar à diminuição ou até ao desaparecimento do córrego. A preservação ambiental é uma responsabilidade coletiva, que deve ser pensada não só para o presente, mas para as futuras gerações”, afirmou.
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