05 de dezembro de 2025
Responsabilidade Pública • atualizado em 30/07/2025 às 19:43

Prefeito de Palmelo denuncia desvio de quase R$ 5 milhões e cobra ação do Ministério Público

Em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás, Renato Damásio afirma que esquema durou 15 meses e envolveu falsificação de extratos e desvio direto para contas pessoais. Ministério Público ainda não se manifestou
Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Foto: Reprodução/Redes Sociais.

O município de Palmelo, no Sudeste goiano, mergulhou em uma crise sem precedentes após a revelação de um suposto desvio milionário de recursos públicos dentro da administração municipal. A denúncia foi feita pelo próprio prefeito, inicialmente em um vídeo divulgado nas redes sociais e, em seguida, em entrevista ao Diário de Goiás nesta quarta-feira (30). Segundo ele, o esquema envolveu falsificação de extratos bancários, manipulação de senhas e adulteração de relatórios contábeis.

Segundo o prefeito Renato Damásio Resende, o responsável pelo rombo seria o então secretário de Finanças, que teria operado o esquema durante pelo menos 15 meses, desviando quase R$ 5 milhões dos cofres públicos para contas próprias e da esposa.

No relato ao Diário de Goiás, Damásio foi enfático ao dizer que já acionou o Ministério Público, a Polícia Civil e o Judiciário, mas que, até o momento, nenhuma medida concreta foi tomada pelas autoridades para bloquear os bens do ex-secretário ou avançar na responsabilização penal. “O Ministério Público omitiu. O delegado da região também não manifestou. O Judiciário não atendeu nosso pedido, que era bloquear as contas e os veículos”, afirmou o gestor completando:

O prefeito pede socorro à Justiça. A minha dor maior é que a Justiça não tomou nenhuma providência.

Como funcionava o esquema

De acordo com o prefeito, Gilmar Júnior desviava recursos diretamente para contas pessoais, bem como para contas de uma empresa ligada à esposa. Ele teria falsificado extratos bancários entregues à contabilidade e relatórios apresentados ao prefeito e à Secretaria de Administração, simulando normalidade nas finanças.

“Ele desviava para a conta da esposa, da empresinha da esposa e para a conta dele. Falsificava os extratos bancários, os documentos todinhos para passar para a contabilidade”, detalhou Damásio.

O prefeito afirmou ainda que o secretário manipulava senhas de acesso bancário de outros secretários, e que os documentos adulterados impediam o rastreamento dos desvios.

R$ 4,8 milhões já identificados

Inicialmente, estimava-se que o rombo fosse de cerca de R$ 2 milhões. Mas, após a retomada do acesso às contas da Prefeitura, que haviam sido bloqueadas preventivamente na sexta-feira (25), a equipe identificou ao menos R$ 4,8 milhões em valores desviados. “Ainda faltam mais contas para serem auditadas. Até agora detectamos 4 milhões e 800 mil reais, mas o valor pode ser maior”, relatou Damásio.

Bens recuperados e risco à folha de pagamento

Após confrontar Gilmar Júnior, o prefeito afirma ter recuperado dois veículos, duas casas e um lote, que juntos somam cerca de R$ 1,5 milhão. No entanto, segundo ele, parte significativa dos recursos desviados já foi usada ou está fora do alcance imediato da administração, o que compromete diretamente a saúde financeira do município.

“A Prefeitura está praticamente com as contas zeradas. Parte desse dinheiro era para pagar precatórios no fim do ano. Outra parte vinha de emendas parlamentares para saúde e obras”, explicou.

O prefeito garante que está buscando apoio do governo estadual e de parlamentares para conseguir pagar os salários dos servidores até o fim do mês, apesar da grave situação.

Resposta do Ministério Público

Segundo a Prefeitura, o caso foi levado ao Ministério Público da comarca de Santa Cruz de Goiás, ao Judiciário local, e à delegacia regional de Pires do Rio, além de ter sido comunicada à delegacia regional de Catalão.

Em nota, o Ministério Público de Goiás afirmou que a Promotoria de Santa Cruz de Goiás, comarca da qual Palmelo faz parte, informou que não foi registrada nenhuma notícia de fato no âmbito administrativo do MP. “Contudo, a promotoria tomou conhecimento dos fatos por intermédio da assessoria jurídica do município, ocasião em que ficou definido que a própria assessoria adotaria as providências necessárias”, informou em nota encaminhada ao Diário de Goiás.

O que se sabe até agora

  • Responsável apontado: secretário de Finanças
  • Valor identificado até agora: R$ 4,8 milhões
  • Tempo de operação do esquema: 15 meses
  • Métodos: falsificação de extratos, desvio para contas pessoais, uso de senhas alheias
  • Bens recuperados pela Prefeitura: dois carros, duas casas, um lote
  • Providências tomadas: comunicação ao MP, Judiciário, Polícia Civil e Governo Estadual

Confira o pronunciamento do prefeito na íntegra:


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