31 de janeiro de 2025
CONDIÇÃO DEGRADANTE

Prefeito de Alto Paraíso é o único eleito em 2024 a aparecer na “Lista Suja” do trabalho escravo

Empresa de Marcus Rinco foi autuada 15 vezes pelo Ministério do Trabalho em 2021; eleito em 2024, pouco depois ele teve o nome inserido na lista do ministério
Eleito em 2024, ele teve o nome inserido na lista do ministério junto com outros cinco políticos - Foto: portal da Prefeitura de Alto Paraíso
Eleito em 2024, ele teve o nome inserido na lista do ministério junto com outros cinco políticos - Foto: portal da Prefeitura de Alto Paraíso

Proprietário da Nascente Agro-Industrial, empresa que produz carvão vegetal na região, o prefeito de Alto Paraíso de Goiás, Marcus Adilson Rinco (UB), foi o único goiano da lista de seis políticos brasileiros eleitos em 2024 que entraram para a chamada “Lista Suja do Trabalho Escravo”, elaborada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

A versão mais atual da lista, divulgada em outubro, aponta que o combate ao trabalho escravo, no ano passado, alcançou, ao todo, 5.741 trabalhadores, encontrando 2.004 trabalhadores submetidos a condições degradantes. Desse total, 155 foram estavam em Goiás, quarto estado em pessoas flagradas em condição análoga à de escravos.

Um dos flagrantes do ano passado envolveu o cantor sertanejo Leonardo, que depois saiu da lista suja no final de 2024 porque indenizou os trabalhadores em R$ 225 mil pelos direitos trabalhistas devidos. Na época ele disse que havia arrendado o imóvel e que desconhecia a situação degradante dos empregados, entre os quais um adolescente de 17 anos.

Empresa de prefeito foi autuada 15 vezes

O caso de Rinco, que é engenheiro florestal e vive na região desde a década de 1960, chamou a atenção com a divulgação da lista após a eleição, mas ocorreu em 2021. Na época a empresa dele foi autuada 15 vezes pelo Ministério do Trabalho. Entre outras coisas, por não oferecer água potável nem banheiros adequados aos funcionários.

O relatório da operação indica que “os trabalhadores presentes no local eram obrigados a fazer suas necessidades fisiológicas no mato. No local também não havia papel higiênico”.

Aos auditores, Marcus Rinco teria confirmado à época que “no campo, não havia instalações sanitárias e que, se alguém precisasse, fazia suas necessidades no campo a céu aberto”.

A empresa chegou a ser interditada por “riscos graves e iminentes” aos trabalhadores. Na ocasião, os funcionários foram transferidos pelos auditores para outro alojamento, enquanto o prefeito foi multado em R$ 34,5 mil.

O cruzamento de dados entre os 63 mil prefeitos e vereadores eleitos no ano passado com os 717 nomes de pessoas e empresas que apareceram na última edição da listagem foi realizado pelo portal G1.

A defesa de Marcus Rinco havia afirmado ao G1 que ele corrigiu as irregularidades e está cumprindo “todas as obrigações trabalhistas determinadas pela lei”. Nesta terça-feira (28) a reportagem não conseguiu localizar o prefeito e o espaço permanece aberto para a manifestação dele.


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