O litro do diesel S-10, com menor teor de enxofre, alcançou em outubro maior preço médio mensal real (descontada a inflação) da última década, sendo vendido a R$ 5,033. Os dados são do Monitor dos Preços dos Combustíveis, lançado dia 5 pelo Observatório Social da Petrobras (OSP). Esse valor está 23% acima da média da série histórica, iniciada em 2012, quando a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) passou a contabilizar os preços do S-10.
O monitor demonstra ainda que, comparado ao salário mínimo, o diesel teve um aumento de 10 pontos porcentuais, subindo de 36% em dezembro de 2012 para 46% em outubro de 2021. Ou seja, um consumidor que abastece seu veículo com 100 litros do combustível num mês gastaria quase a metade de um salário mínimo para isso.
“Foi um crescimento muito grande neste último ano. Historicamente, o preço do diesel é menos volátil do que o da gasolina e isso se deve principalmente ao poder político e de greve dos caminhoneiros. Até hoje, a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) está zerada, fruto das paralisações de 2018”, afirma o economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps), responsável pela elaboração do monitor dos preços.
Segundo o economista, o S-10 poderia ser vendido ao consumidor final por R$ 3,71. Neste cálculo, ele considera os custos de extração e refino da Petrobras somados a uma margem de lucro. O estudo também propõe um preço justo à gasolina comum de R$ 4,90.
A fórmula usada pelo economista difere da adotada pela Petrobras, de paridade de importação (PPI). Enquanto o Ibeps sugere um cálculo baseado em custos internos, a empresa utiliza a cotação do petróleo e dos derivados no mercado internacional e o câmbio na hora de definir seus preços.
Por Fernanda Nunes, Estadão Conteúdo
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