19 de novembro de 2024
Política • atualizado em 01/09/2020 às 16:26

Pré-candidatura coletiva é lançada pelo PSOL

Com o slogan “Arreda que aí vem mulher” o grupo propõe representatividade feminina, diversidade e participação popular na política
Com o slogan “Arreda que aí vem mulher” o grupo propõe representatividade feminina, diversidade e participação popular na política

Neste domingo (30/08) a Mandata Coletiva e Compartilhada de Mulheres apresentou nas redes sociais pré-candidatura como uma proposta de revolução na política goianiense e brasileira. Alessandra Minadakis, Joana Porto e Nina Soldera formam esse grupo feminino que deverá concorrer a uma vaga na Câmara Municipal de Goiânia nas eleições deste ano. A proposta garante engajamento na conquista de espaços de poder com a participação efetiva da comunidade.

A candidatura coletiva no Brasil vem conquistando notoriedade e desta vez promete ser um marco histórico, pois vem acompanhada de uma representatividade genuinamente feminina. Nesse contexto, três mulheres se juntaram para construir uma mandata democrática que defende os direitos das minorias utilizando o recurso da coletividade em respaldo ao aumento no número de pessoas com voz e vez.

De acordo com elas, a Mandata Coletiva e Compartilhada de Mulheres leva esse nome porque é uma reação, um recurso de linguagem para subverter o machismo da língua portuguesa. A candidatura coletiva é assim chamada porque duas ou mais pessoas se comprometem a assumir e compartilhar ideias e ações em prol de um mandato mais abrangente. Apenas uma representante será registrada na justiça eleitoral, mas todas terão opinião ativa em peso igualitário para chegar em um consenso na tomada de decisões que serão apreciadas em plenário, no gabinete e demais ambientes que compõem o cargo de vereadora. Segundo Alessandra, Joana e Nina, nesse caso especificamente, “o objetivo é democratizar a representação popular por meio de um coletivo de mulheres diferentes, plurais, mas com identidade ideológica e de consciência social.”

Segundo elas, o termo Compartilhada significa que o programa, projeto e mandata serão construídos em conjunto com movimentos sociais, associações, coletivos, cooperativas e qualquer pessoa que se interessar pelas pautas. “Dessas reuniões, serão tiradas pautas prioritárias a serem defendidas pela mandata, oficializada em um documento registrado em cartório. Nas reuniões de construção serão designadas pelas participantes e pelos participantes uma representante para acompanhar a execução da mandata”. De acordo com elas, a exigência de que seja uma mulher se dá por questão de coerência com a proposta de uma construção de mulheres que reivindicam esses espaços, mas que têm sua atuação, ainda que prioritariamente voltada para as mulheres e crianças, estendida a todos. O nome a ser dado a essa representante será escolhido coletivamente.

Candidatura coletiva

Desde que começou a ser exercida aqui no estado de Goiás por meio de iniciativa do então vereador João Yuji pelo antigo partido PTN durante as eleições municipais de 2016 em Alto Paraíso (GO), o mandato coletivo possibilitou um novo olhar sob a política ainda que não regulamentado oficialmente pela justiça eleitoral. João Yuji foi inspirado pelo Movimento Ecofederalista, que defende a estruturação de uma política brasileira na qual as entidades municipais não sejam limitadas em seu papel, mas que possuam abertura de forma descentralizada e harmônica.

Quem são elas?

Alessandra Minadakis

É procuradora federal, mãe, feminista, ecossocialista, militante contra todas as formas de opressão, por justiça social e por uma cidade de todes e para todes. É mestra em Direitos Humanos pela UFG, tem ampla experiência na Administração Pública, tendo trabalhado 10 anos na Receita Federal e 18 na Advocacia-Geral da União, onde ainda exerce o cargo de procuradora federal. É professora e palestrante, e desenvolve trabalhos junto a mulheres e crianças, em especial as mulheres mães, com suas particularidades e carências.

Joana Porto

Joana é nordestina nascida no Piauí, indígena da etnia Tabajara, mãe de duas crianças. É Cientista Social e Mestra em Direitos Humanos, ambos pela UFG. Sua última conquista foi a aprovação no Doutorado em Antropologia Social na mesma Universidade. Mora em Goiânia há 11 anos e, assim como muitos conterrâneos, saiu do agreste nordestino em busca de oportunidades na cidade grande, e assim o fez. Defende o acesso de todas as pessoas a tudo que a cidade possibilita. Está em luta constante pela preservação da mãe-terra e pelos direitos dos povos originários, a fim de que indígenas que precisam sair de suas aldeias para buscar conhecimento tenham também acesso aos benefícios da cidade aqui na capital do cerrado. Joana é antirracista, feminista indígena e por ser de todos esses lugares acredita que a mudança do sistema político em prol da coisa pública acontece a partir de ações transformadoras, como um mandato coletivo, em que a união nasce das diferenças.

Nina Soldera

Nina Soldera (Janaína Soldera) é natural de Porto Alegre – RS e passou sua infância em Belém do Pará. Filha de mãe goiana e pai gaúcho. É cidadã goianiense há 20 anos. Constrói sua trajetória de luta e atuação política participando de grupos de jovens e movimentos de juventude da cidade, com destaque para o Conjunto Vera Cruz II – seu bairro de origem. Militou na Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP, com ênfase nos projetos de educação (cursinhos pré-vestibular comunitário), saúde (afetividade e sexualidade – estabelecendo relação com as ONG’s de diversidade e gênero e prevenção a IST,s). Atuou em Movimentos Estudantis (secundarista e universitário), Negro, de Mulheres em Goiânia e no Brasil. É Mulher Preta de Axé, Mãe, Feminista e Artista. Nina Soldera é cantora e formada em Tecnologia em Produção Cênica pelo ITEGO em Artes Basileu França. Foi aluna de artes cênicas da Universidade Federal de Goiás – UFG. Com histórico de atuação em múltiplas linguagens artísticas, participa dos movimentos de cultura popular, de música independente, novos escritores e mulheres negras artistas. Faz de sua imagem e de seu trabalho como intérprete, cantora, atriz e performer, seu ato política para pensar, movimentar e construir o acesso à Cidade como direito universal de todes.


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