Em análise publicada na edição desta semana do Jornal Tribuna do Planalto, o diretor de Redação do Jornal, Filemon Pereira, analisa o momento vivido pelo PP, com a indefinição quanto a presidência do partido, hoje ocupada pelo deputado federal Roberto Balestra, mas no foco do vice-governador José Eliton.
PP vive crise anunciada com duelo entre deputados
Filemon Pereira – Diretor de Redação
A crise que vinha se desenhando no Partido Progressista (PP) nos últimos meses explodiu na última semana. Conforme a Tribuna do Planalto havia antecipado, em várias reportagens e notas, a ascensão do vice-governador José Eliton à presidência do partido não seria pacífica. Eliton acabou entrando em uma briga intensa entre os deputados federais Roberto Balestra, atual presidente, e Sandes Júnior, que luta para tirar o poder do colega.
Depois de muita negociação, a Executiva Nacional do PP teria definido que José Eliton assumiria o comando da sigla. Ele e dos dois deputados federais montariam, em conjunto, a executiva estadual. O anúncio precipitado do acordo, porém, teria desagradado outra vez Roberto Balestra.
Chateado, Balestra chegou a afirmar, em entrevista ao jornal O Popular, que apenas o senador Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, fala pelo partido. Com isso, o deputado estava desacreditando declarações do deputado federal Mário Negromonte (BA), que afirmou em entrevista a Rádio CBN, que o acordo estaria sacramentado.
Não se sabe ao certo, porém, se Roberto Balestra de fato teria aceitado deixar o comando da sigla em Goiás. O comando nacional do PP acabou marcando uma reunião para o início de agosto, após o recesso branco do Congresso Nacional, para resolver o impasse entre as lideranças goianas.
Histórico
O deputado federal Roberto Balestra foi importante para que o PP voltasse a apoiar o governador Marconi Perillo (PSDB), após a eleição de 2010. Comandado pelo então governador Alcides Rodrigues, o partido havia rompido com o tucano e apoiado a eleição do empresário Vanderlan Cardoso (na época, no PR) ao governo.
Durante a campanha, derrotado internamente, Balestra abriu uma dissidência e apoiou Marconi. Com a vitória do tucano, Balestra retomou o controle do partido, que retornou à base de sustentação do governador. O deputado Sandes Júnior, que no primeiro turno havia apoiado Vanderlan, apoiou Marconi apenas no segundo.
Sandes Júnior sempre reclamou do comando de Balestra, afirmando que o colega não abria espaço para os companheiros. Como Balestra havia sido mais importante para a eleição de Marconi (ao comandar o embate contra o governador Alcides), as reclamações de Sandes jamais encontraram ressonância.
Com a decisão do vice-governador José Eliton de trocar o DEM pelo PP, Sandes Júnior voltou a ganhar fôlego na intenção de destronar Roberto Balestra. Eliton, que até então nunca havia tomado partido do embate, passou a mirar o comando da sigla, mesmo tentando preservar Balestra.
Na época da filiação do vice-governador, Balestra chegou a dizer que o comando da sigla não estava em questão. O acerto seria de que José Eliton chegaria ao PP com a prioridade e o respaldo da sigla para se manter na chapa majoritária da base governista na sucessão de 2014. Eliton, porém, jamais escondeu a simpatia que tinha em chegar à presidência do partido de imediato.
O imbróglio pepista criou um cenário ruim para o partido. Mesmo dividido internamente, o PP consegue superar suas crises com certa discrição. Dessa vez, porém, o assunto ganhou as páginas dos jornais e o embate tornou-se público.
Além disso, chegar ao comando de um partido dividido e com lideranças insatisfeitas passa a não ser um bom negócio para o vice-governador, que tenta se fortalecer. A maior parte dos prefeitos, vice-prefeitos e vereadores do PP são muito ligados ao deputado Roberto Balestra, que tem seis mandatos. Assim, as bases do partido certamente ficarão ao lado do atual comandante.
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