Questionado sobre uma possível punição que o filho Eduardo Bolsonaro, poderia sofrer por conta da fala sobre a edição de um ‘novo AI-5’, o presidente da República, Jair Bolsonaro disse que considera muito difícil que aconteça. Mas caso o deputado federal fosse punido, isso poderia ser considerado como perseguição política”.
Jair pontuou que todos os parlamentares tem imunidade para “defender o que bem entender” e que uma punição também abriria um precedente para “punir qualquer” um por suas opiniões. “Punição, só se for perseguição política. Não acredito que isso aconteça, porque abre brecha para punir qualquer parlamentar por suas opiniões. O parlamentar tem que ter imunidade do artigo 56 para defender o que bem entender. Se lá na frente a população acha que ele não foi bem, não vote mais nele. Agora, ele fez uma comparação hipotética se o que está acontecendo no Chile viesse para o Brasil”, pontuou.
Bolsonaro disse que o filho colocou mal as palavras e que no lugar dele teria dito outras coisas. “Eu diria, nós deveríamos mudar a lei que trata do terrorismo, tramitando na Câmara… esses atos de incendiar de metrô, ônibus, prédio, tem que ser enquadrados como se terrorismo fosse”, salientou.
Bolsonaro também disse que como presidente, deve estar preparado para possíveis manifestações como as que estão acontecendo no Chile e em outros países da América Latina. “Você tem que estar sempre se preparando. Como chefe do Executivo, não posso estar em berço esplêndido e ser surpreendido por qualquer coisa. As manifestações são bem-vindas, mas não o padrão do Chile. Aí é o fim da picada. Dezenas de estações de metrô foram incendiadas simultaneamente, é uma ação orquestrada. E outra, mesmo que fosse um só, não pode fazer isso com o patrimônio público. Vai protestar na rua, do jeito que bem entender, sem prejudicar um terceiro”, explicou.
Entrevista polêmica
O filho do presidente e deputado federal Eduardo Bolsonaro concedeu uma entrevista na última quinta-feira (31/10) e disse que uma das alternativas que poderiam ser tomadas pelo governo em caso de ‘radicalização’ da oposição poderia ser a abertura de um na nova edição de um AI-5.
O Ato Institucional (AI-5) foi baixado em 1968 durante o governo Costa e Silva, um dos generais que presidiram o Brasil durante a ditadura militar (1964-1985). O AI-5 foi um dos atos ditatoriais mais repressivos para a população no Brasil, causando perdas de garantias constitucionais além de cassação de mandatos políticos.
“Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual ao final dos anos 1960 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando se sequestravam, executavam-se grandes autoridades, cônsules, embaixadores, execução de policiais, de militares”, disse Eduardo.
Eduardo disse que caso a oposição radicalizasse a ponto de chegar as manifestações e protestos que acontecem em outros países da América Latina, o governo deveria planejar saídas e uma das apresentadas foi justamente a implantação de um ‘novo AI-5’. “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália, alguma resposta vai ter que ser dada, porque é uma guerra assimétrica, não é uma guerra onde você tá vendo seu oponente do outro lado e você tem que aniquilá-lo, como acontece nas guerras militares. É um inimigo interno, de difícil identificação aqui dentro do país. Espero que não chegue a esse ponto né? Temos que ficar atentos”.
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