30 de agosto de 2024
Brasil

Por “saúde mental”, presidente da CCJ diz que não irá convidar Moro para novas audiências

(Foto: Arquivo/ Agência Brasil)
(Foto: Arquivo/ Agência Brasil)

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara, deputado federal Felipe Francischini (PSL-PR), anunciou na reunião desta quarta-feira (03/07) que não vai pautar novos convites para ouvir o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. “Pela minha sanidade mental”, explicou.

Moro esteve durante toda a terça-feira (02/07) em audiência conjunta da CCJ; da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público; e de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e durante mais de sete horas prestou esclarecimentos sobre denúncias publicadas pelo site The Intercept Brasil.

A reunião foi encerrada após desentendimentos entre parlamentares, a partir da fala do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), que fez uma analogia de Moro à um árbitro de futebol parcial e que “ajuda” um time a ganhar. Para o pessolista, Moro seria reconhecido pela história “como um juiz que se corrompeu, como um juiz ladrão”.

“Eu não vou pautar, no que depender de mim, convite mais. Eu não quero, pela minha sanidade mental, fazer outra reunião com Sérgio Moro sobre o mesmo assunto, porque já não vai levar a nada”, disse Francischini. “As mesmas perguntas sendo repetidas, um monte de agressão ao ministro, os deputados se agredindo dos dois lados. Então, para minha sanidade mental, não vou pautar mais isso. E convocação acho que não cabe”, completou.

Para o presidente da CCJ, Sérgio Moro não pode ser convocado por atos pretéritos, de quando ele era juiz. Mas para a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ) não cabe ao presidente da CCJ decidir sobre a convocação ou não do Ministro da Justiça.

“Não sabemos se vamos ter necessidade de novas convocações inclusive do próprio ministro Moro. A gente não tem que partir do pressuposto de que agora não vamos mais convocar, até porque, com todo o respeito, isso não cabe à Vossa Excelência, isso cabe ao conjunto de deputados, incluindo Vossa Excelência”, afirmou Talíria.

Novos convites
O deputado Sóstenes Carvalho (DEM-RJ) defendeu que Sergio Moro possa ser convidado outras vezes para prestar esclarecimentos na CCJ, pois acredita que isso fortalece o ministro. “Pode deixar ele vir, convidem todas as vezes. A oposição está fazendo um serviço ao Brasil e em breve veremos Sérgio Moro presidente desse jeito.”

O deputado José Guimarães (PT-CE) acredita que um novo convite a Moro tem que ser decidido em reunião e disse que houve abusos dos dois lados. “Eu ouvi aqui ontem cada palavrão contra a presidente Dilma, contra o PT, e agora Vossas Excelências vem aqui se fazer de vítimas?”.

“Premiação” e bate boca
Na audiência que terminou em confusão, muito bate-boca, palavrões e pedido de respeito, Moro voltou a falar sucessivas vezes que não se recorda de ter trocado conversas com procuradores da Lava-Jato. Repetiu que é vitima de um ataque hacker e que mesmo se as conversas forem verdadeiras, o conteúdo revelado não revela nada demais. “São conversas triviais”, disse. Moro também falou que a OAB – que sugeriu seu afastamento enquanto o caso estivesse sendo investigado – “embarcou num sensacionalismo” e que hoje talvez o posicionamento da instituição seja outro. Também teve direito a “premiação”. Deputado federal do Paraná, Boca Aberta do PROS, rendeu palavras de adoração à Moro. Em sua fala apaixonada, levou um troféu pelo qual batizou de “Troféu Champions League”, que significa o Troféu da Liga dos Campeões do Combate à Corrupção. Disse que o troféu original da Liga dos Campeões é “cobiçado por jogadores como Neymar, Messi e Cristiano Ronaldo”. Após alguns aplausos e vaias, entregou a “premiação” em mãos para Moro, visivelmente constrangido. Em sua fala, Moro agradeceu as “palavras carinhosas” do deputado.

(Com informações da Agência Câmara)


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