22 de dezembro de 2024
Entretenimento • atualizado em 13/02/2020 às 09:16

Por causa da crise, filme com Selton Melo faz nevar no Rio

As cenas são de bater o queixo. Casacos, orelhas vermelhas, um horizonte branco repleto de neve capaz de fazer inveja ao Rio de Janeiro.

Ambientado no gelo, “Soundtrack” é um longa brasileiro que tem como mote central o conflito entre arte (Selton Mello, um fotógrafo que quer montar uma exposição) e ciência (quatro pesquisadores que estudam o clima).

Quem ficou a cargo de esfriar o Rio de Janeiro, onde o filme foi rodado em cerca de 20 dias, foi o produtor Júlio Uchôa, da 300 ml, o mesmo que juntou, em 2006, Mello e Seu Jorge -também no elenco de “Soundtrack- para protagonizarem “Tarantino’s mind”. No curta, que se passa num bar, os dois amigos falam sobre uma tese que liga todos os filmes do diretor americano Quentin Tarantino.

Com poucas cenas em português, “Soundtrack” teve tudo para ser gravado na Islândia -a produção até chegou a achar um local no país para gravação. Mas o ano era 2016 e a crise política que o país vivia assustava.

“Eu tenho um histórico. No segundo dia de filmagem de ‘SOS Mulheres ao mar 2’ [comédia com Fabiula Nascimento, Reynaldo Gianecchini e Giovanna Antonelli], rodado nos EUA, o dólar passou de R$ 2,6 para R$ 3,5, e eu perdi R$ 1 milhão numa manhã”, diz Uchôa.

A equipe ainda tentou a Marinha, que tem uma base na Antártida -o que sairia de graça para a produção, já que, para lá, só viajam embarcações próprias.

“Mas existia, também, a nossa falta de experiência em suportar um clima tão hostil. Se hoje estamos com frio aqui em São Paulo [no dia da entrevista, a capital registrou a tarde mais fria do ano, com termômetros na casa dos 15,8ºC], imagina todo mundo, câmera, foquista, a 20º negativos?

TRAILER

“Chegamos a conclusão de iriamos para um estúdio”, diz Uchôa, que levou 3 toneladas de papel para fazer nevar em 1.200 m² de uma locação na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio.

Fora o produto, tinham ainda os equipamentos, já que a neve precisa aparecer em diferentes formas e texturas -o gelo do rosto é diferente do gelo da roupa, que, por sua vez, não é igual ao que escorre pela janela. “Esse filme não é apenas um efeito especial, ele é embalado pelo efeito”, diz o produtor.

Segundo o site especializado “Imdb”, o longa custou R$ 6,4 milhões. Para efeito de comparação, “Olga”, de Jayme Monjardim, filmado em 2004 -e que também fez “nevar” no Rio de Janeiro- custou R$ 12 milhões.

“Investimento para esse tipo de filme é muito difícil. Quando você faz uma comédia, por exemplo, há mais atratividade de mercado, uma facilidade de retorno. Como diz meu filho, o custo de um longa aqui é só os créditos de um filme americano, mas o público não quer saber isso, o público quer sentar e se impressionar. Não adianta eu levantar plaquinha ‘eu juro que a gente se esforçou'”.

‘NÃO SEI DIZER O QUE ERA AQUILO’

Mello, o protagonista, vive Cris, um fotógrafo que viaja para a tal estação polar, sem celular, sem computador, a fim de “desconectar”.

Lá, seu intuito é tirar selfies enquanto ouve músicas pré-selecionadas. Posteriormente, Cris pretende montar uma exposição para que o público veja as fotos ao som das canções que ele mesmo escutou.

“É um filme sobre encontro e amizades que não eram tão esperadas. Mas, aos poucos, cada lado vai enxergando a beleza do que o outro faz”, diz Mello.

Durante toda a gravação, o ator optou por seguir escutando a trilha sonora original do personagem.

“Eu não sei dizer o que era aquilo. Não tinha nenhuma música famosa, eram músicas que eu nunca ouvi falar”, diz o ator. “Mas isso era bom porque elas não me traziam nenhuma outra referência a não ser o universo próprio do Cris”.

Selecionada pela produção, a playlist incluía músicos como Clark, Hammock, Lullatone, Emptyset, Emika, Yuichiro Fujimoto, Anna Rose Carter & Pleq, Moon Ate the Dark e Balmorhea.

Mas Melo é certeiro ao dizer em que “daria o play” na trilha sonora, seja do personagem ou da vida: Nirvana. (Folhapress)

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