Em mais um episódio no estado de São Paulo de policiais em confronto com ladrões, um homem morreu e um policial civil ficou ferido durante assalto a uma padaria na região do Morumbi, bairro nobre na zona oeste da capital, na noite desta quarta-feira (16).
O crime ocorreu na padaria Gato de Ouro, na rua Doutor Luiz Migliano. Por volta das 20h, os ladrões anunciaram o roubo e começaram a recolher objetos dos clientes nas mesas. Um policial civil que estava acompanhado de dois amigos reagiu, o que deu início a troca de tiros.
Para se proteger, alguns clientes se jogaram no chão, e o policial se escondeu atrás do balcão. Assustado, o amigo do agente correu em direção à porta, mas foi baleado no tórax por um dos ladrões. Ele ainda foi levado ao Hospital Albert Einstein, mas não resistiu ao ferimento e morreu. O policial civil foi baleado no braço e não corre risco de morte. Já os criminosos fugiram em um Honda Civic.
Casos como esse do Morumbi ganharam atenção nos últimos dias a partir de sábado, em Suzano, na Grande São Paulo, quando a policial Kátia Sastre, 42, de folga, matou um ladrão ao reagir a uma tentativa de assalto na frente da filha. Mães e crianças pequenas aguardavam a abertura dos portões de uma escola particular para uma festa de Dia das Mães, quando foram abordadas pelo assaltante armado.
No dia seguinte, diante da repercussão do caso, o governador Márcio França (PSB), que é candidato à reeleição, organizou uma cerimônia para homenageá-la. Reportagem da Folha de S.Paulo na ocasião mostrou que França contrariou estratégia da Polícia Militar com a realização do ato.
Isso porque o enaltecimento à reação da policial, com a morte do bandido, poderia passar mensagem equivocada à tropa e à população de incentivo às pessoas reagirem a assaltos -na contramão da orientação da polícia. Outro ponto é que a morte de ladrões possa ser vista pela polícia como algo incentivado pelo governo, após a escalada nos últimos anos do número de mortos pela polícia -alta de 10% em 2017, com 943 casos, recorde desde 2001. Tudo isso mesmo que a atitude da cabo tenha sido correta diante do risco no caso específico.
Minutos após a cabo ser homenageada, um episódio semelhante de reação a assalto envolvendo policial de folga ocorria em uma drogaria em Guarujá, no litoral paulista. O PM a paisana foi perseguido pelo ladrão até surpreendê-lo e atingi-lo com tiros. O assaltante morreu horas depois no hospital.
O assunto permaneceu quente e, em entrevista no interior do estado na segunda-feira (14), o governador manteve o tom e disse que aquele que ofender a farda da Polícia Militar, ofender a integridade policial, está correndo risco de vida. “As pessoas têm que entender que a farda deles [PM] é sagrada, é a extensão da bandeira do estado de São Paulo. Se você ofender a farda, ofender a integralidade do policial, você está correndo risco de vida. É assim que tem que ser”, afirmou.
As afirmações de França remeteram à declaração do então governador Geraldo Alckmin (PSDB), em 2012, sobre uma ação da PM que terminou com nove mortos no interior de SP. “Quem não reagiu está vivo”, declarou o tucano na ocasião. (Folhapress)
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