A Polícia Federal (PF) instaurou um inquérito policial (IPL) para investigar a suspeita de compra de votos na cidade de Aparecida de Goiânia, na campanha do candidato bolsonarista a prefeito da cidade, Professor Alcides (PL). A investigação iniciou na quarta-feira (25) após dois homens ligados à campanha terem sido apresentados um dia antes na PF por policiais militares.
Com os conduzidos havia R$ 3 mil em espécie, documentos com listas de eleitores e candidatos, além de 189 vales-combustíveis e recibos preenchidos. (Confira detalhes e imagens da ocorrência registrada pela PF ao final)
Recusa de informar senha de celular
Tudo foi apreendido junto com o celular de um dos homens, que se recusou a informar a senha para a PF. Os itens estavam sendo manuseados durante a mobilização em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro que foi até Aparecida fortalecer a campanha de Alcides. Ao delegado da PF, Bruno Zane Santos, os militares informaram que havia uma movimentação estranha de várias pessoas em torno de um carro.
Dentro do veículo os militares abordaram o motorista, Wisley Barbosa da Silva, e o passageiro, Gilmar Calixto Ferreira, que levara o dinheiro e as requisições dentro de uma mochila no interior do carro. Gilmar é assessor parlamentar de Alcides conforme consta no portal da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Com a suspeita de prática ilegal de captação de votos, os PMs conduziram os dois até a PF para prestarem esclarecimentos. Ambos negaram envolvimento na compra de votos, mas admitiram que os materiais de campanha pertenciam a Gilmar.
Depoimentos negam compra de votos
Em seu depoimento, Gilmar alegou que o dinheiro apreendido seria uma comissão de venda de um veículo, recebida do sogro dele. Também declarou que estava auxiliando na organização de uma carreata em apoio ao candidato Professor Alcides, e garantiu que os vales-combustíveis seriam utilizados dentro das regras eleitorais para abastecer os veículos participantes da ação política.
Wisley, por sua vez, alegou que apenas havia pegado o carro emprestado e não tinha qualquer relação com os materiais de campanha encontrados.
Suspeita de crime eleitoral é investigada
Apesar das explicações, a Polícia Federal não descarta a hipótese de crime eleitoral. A operação resultou na apreensão de documentos, vales-combustíveis, e do celular de Gilmar, que se recusou a fornecer a senha para acesso ao aparelho. O delegado Bruno Zane sugeriu diligências adicionais, como a análise dos materiais apreendidos e a verificação de imagens de câmeras de segurança para confirmar a possível compra de votos.
Os suspeitos foram liberados após o depoimento, mas o inquérito segue aberto, com as investigações em andamento. A PF continua apurando os fatos e monitorando indícios que possam comprovar a compra de votos, que pode configurar crime conforme o artigo 299 do Código Eleitoral.
Outro lado
A reportagem solicitou informações a respeito, e a versão dos envolvidos através da assessoria de Imprensa do candidato Professor Alcides, mas ainda não obteve resposta. Também foi enviada mensagem para o coordenador jurídico da campanha que igualmente ainda não se manifestou. O DG não conseguiu o contato de Gilmar e Wisley.
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